quarta-feira, janeiro 05, 2011

O trauma e a fantasia de Doris Duke


Doris Duke (1912-1993), colecionadora de arte e filantropa americana, era herdeira de um magnata do sector energético (James Buchanan Duke), passou a sua infância receando ser alvo de rapto. O seu maior medo concentrava-se na possibilidade de que o seu pai se recusasse a pagar o resgate aos raptores e, consequentemente, fosse morta.
Um psiquiatra do Havai (onde viveu já em adulta) aconselhou-a ultrapassar o trauma, enfrentando-o através de uma encenação. Ela foi mais longe, associando este trauma a uma fantasia sexual. Não só queria ser raptada, como queria ser reduzida à servidão e violada em grupo - acho que li, algures por um dos estudos publicado numa qualquer Visão ou Sábado desta vida, que esta até será uma fantasia mais comum do que se pensa entre as mulheres portuguesas!
Um dos seus amigos mais íntimos foi designado, por ela, como organizador de toda a encenação. Reuniu numa praia de Honolulu um grupo de rapazes bonitos e bastante viris, incluindo alguns marinheiros que estavam de passagem pelo cais daquela cidade - cada um destes homens recebeu 100 dólares. Nua e amarrada numa casa de praia, Doris foi repetidamente violada e frequentemente sodomizada durante três dias de prova.
Será natural, para quem sempre controlou e exerceu poder sobre os outros, desejar conhecer o outro lado, ao ponto de querer passar pelo papel de uma vítima. Segundo uma bibliografia, Doris passou a ser outra mulher depois do que se passou, não voltou a repetir a experiência e jamais abordou o tema da sua fobia de rapto.
Por aqui se conclui que isto de associar um trauma a uma fantasia pode ter tanto de lógico (Freud fê-lo desde muito cedo) como de perigoso. Pois se há fantasias que acabam com a concretização do desejo, também há outras, como foi o caso, que acabam numa cama de um hospital.

1 comentário:

O Puto disse...

Há uma inexplicável atracção pelos nossos medos e fobias, possivelmente movida pelo nosso subconsciente, que pode ser tomada como uma fantasia. Parece que a melhor forma de os vencer é pela confrontação, desde que medidas as condições e consequências. O nosso cérebro prega-nos partidas que não têm muita piada.