quinta-feira, setembro 16, 2010

Perder a tua vida por uma mentira, perder umas horas da minha por uma verdade

Carlos Cruz adicionou recentemente no seu site a referência (Ponto7) a um caso de um cidadão português que escreveu um livro - disponível para download aqui - onde é relatada a sua história de luta contra um suposto erro judicial, segundo o ex-apresentador de TV, "monstruoso". Tal como o seu, deduzimos. Daí o copy/paste directo do Facebook. Com um pouco mais de busca no Google (ou de leitura do livro), conseguia-se perceber, do que ali está, aquilo que foi efectivamente dito pelo seu autor ou o que não passa de boato.

Já o li e não noto grandes identificações com o processo Casa Pia, a não ser o facto do sujeito em causa ter sido acusado de abuso sexual de um menor - o seu sobrinho de 3 anos. No entanto o "efeito Casa Pia" até é explicado pelas suas palavras: "durante anos inúmeras crianças à guarda do Estado foram abusadas e violadas - na Casa Pia e sabe-se lá onde mais - o que só foi possível devido à inércia ou incompetência daquelas entidades, elas olham e actuam hoje em casos como este com um sentido, não de justiça, mas justiceiro - tomada de acções por sentimentos de injustiça". Assim, condenações desta natureza servem "tristemente, o interesse estatístico do Ministério Público" e a sua boa imagem, acrescento eu. O MP não pode ser assim tão vulnerável a tanta mediatização, pois não? Pois não, mas os casos do carro alegórico do Carnaval de Torres Vedras no ano passado que, em uma questão de horas, deixou de ser "pornográfico" (e proibido) e passou a ser uma "sátira" (e permitido) ou o da menina "Esmeralda" que transformou o Sargento Luís de "temido sequestrador" em "bom samaritano" - são dois meros exemplos - não abonam muito a seu favor.
De resto, trata-se de uma dramática história contada na 3ª pessoa - ao longo dos seus 29 capítulos é notório que se trata de um relato pessoalíssimo - que culmina com o suicídio do protagonista em S. Francisco, nos EUA.

Há em todo este processo momentos perturbantes e surreais. Desde uma Polícia Judiciária que se baseia num questionário intimidador da praxe, onde a questão da orientação sexual parece ganhar uma relevância tal ao ponto de se prescindir das buscas ao domicílio (qual investigação de computadores pessoais?) na procura de qualquer indício, para suportar a acusação. Depois de tantos casos, uns mais "maddietizáveis" que outros, e haverá ainda alguém que fique surpreendido com a incompetência e o preconceito em parte da investigação criminal portuguesa? E o que dizer daquele procurador do Ministério Público que considera muito consistentes e inquestionáveis as memórias dos 3 anos de um rapaz de 12? "Aquela criança não mente"! Nem sob a influência de outrém e de 25 mil euros de pena indemnizatória "chapa cinco"?!

Por vezes a realidade é tão ou mais cruel que a ficção, que se torna inacreditável. Essa pode ser uma reacção típica de quem acaba de ler estas cento e vinte e tal páginas, evitando tomar uma posição só com base nos factos expostos e de cair no erro comum de precipitação de qualquer julgamento popular. Por outro lado, outra das ilações a tirar da leitura de "Sem Culpa", a ser verdade tudo o que por lá está escrito e sendo aquela a posição de um suposto sistema judicial justo, credível e integro, de facto, antes a morte que tal sorte.

1 comentário:

olivares disse...

Numa dificil fase da vida, em que nem belas palavras me podem devolver um tesouro q perdi, AGRADEÇO DE TODO o coraçao suas palavras. Julio era uma pessoa especial, de elevada sensibilidade, sincero nas suas emoçoes, mas que o juiz paulo silva e sua equipa entendeu servir de "bode expiatorio" para mostrar a sociedade q nao esta adormecido perante o tema "pedofilia". Julgou q se tratava dum "zé-ninguem" que poderia sacrificar, sem causar grande dolo a sociedade, e daí dar um animo ao seu ego de juiz, enaltecer sua competencia....porem, duma forma simplificada, é um dos responsaveis da morte dum inocente, uma pessoa unica e importante, nao so para os que o conheciam, mas tb para uma comunidade de pessoas a quem a sociedade aponta dedos e o governo usa ao dar um rebuçado na mira de votos!!

Julio foi condenado pelo facto de ser homossexual, desde o 1º instante. A vitima certa!

O juiz "moldou" a lei a favor do que pretendia, destronou a defesa, embora credível e sana, e transformou este julgamento num palco de fantoches...mais tarde, entre reconhecer seu erro e cair na descredibilizaçao no seu meio, ou manter o erro e sacrficar um fragil homem, um anonimo, que fez ele?

Pergunto se dormirá bem...?

O tribunal da relaçao colocou em causa as provas, mas acabou dizendo que quem julgou sabia o que fazia....é normal, ja que o juiz q o julgou, fez parte do trib relaçao....e querem dizer que sao imparciais, nao ha influencias? isso seria MENTIR sobre uma batina que deveria ser sagrada!!!!

OBRIGADO PELO SEU APOIO, ACREDITE QUE ESTOU NO MAIS DIFICIL MOMENTO DE MINHA VIDA!!!!

PEÇO QUE EXERÇA PERSISTENCIA PERANTE AMIGOS DE SEUS SITE, NO SENTIDO DE SE DISPONIBILIZAREM A ASSINAR UMA PETIÇAO QUE EM BREVE PODEREI ENCAMINHAR.

POR OUTRO LADO, ESTOU A ESCREVER UM LIVRO QUE SEGUIRÁ O EMPENHO DE JULIO, QUANDO ESCREVEU O SEU, E QUE SERVIRÁ PARA DAR ANIMO E FOLEGO A ESTE ASSUNTO, O QUAL NAO DEVE FICAR ADORMECIDO NA LEMBRANÇA DE QUEM CONHECEU OU OUVIU FALAR DE JULIO.

HA QUE APURAR RESPONSABILIDADES A QUEM USOU O MIUDO PARA EXTORQUIR DINHEIRO, TAMBEM...E NESSE SENTIDO, PRECISO AJUDA....