terça-feira, outubro 07, 2008

doclisboa 2008

Disse, por alturas do anúncio do grande vencedor de Sundance da edição deste ano, e repito: o cinema documentário está em verdadeira expansão e já merecia o mesmo destaque e exposição que qualquer outra categoria cinematográfica mais comercial. São películas que, não ficando presas a enredos e a personagens estereotipadas, revela-nos o que de mais puro pode existir em matéria de sétima arte. Tudo isto a propósito do 6º Festival Internacional de Cinema Documental que vai decorrer na capital, entre o dia 16 e 26 deste mês. Segue-se alguns destaques.


17 OUT. 16.30 – Culturgest (grande auditório) 19 OUT. 16.00 - Londres (sala 2) 25 OUT. 21.30 - Museu do Oriente
Mum (Mama)
de Zhang Yuan
90´ China 1990
Primeira longa-metragem de Zhang Yuan, Mama foi também o primeiro filme independente a ser produzido na China desde 1949, realizado com a ajuda de amigos do realizador e revelando desde o início o apetite do cineasta por temas controversos da sociedade chinesa. Uma obra que se concentra na relação entre uma mãe solteira e o seu filho deficiente com 11 anos no cenário de algumas escolas e instituições especiais de apoio a crianças diminuídas. “Mama” combina ficção com documentário de modo a melhor revelar a realidade social das personagens.



17 OUT. 18.00 - Londres (sala 2) 20 OUT. 23.00 – Culturgest (grande auditório)
O Segredo
de Edgar Feldman
25´ Portugal 2008
António Dias Lourenço, hoje com 94 anos, comunista, relembra os anos de encarceramento no Forte de Peniche, durante a ditadura fascista em Portugal, focando-se no episódio da sua evasão em 1954. É essa fuga, de uma coragem física notável, que o filme pretende mostrar. Percorrendo a velha cadeia de alta segurança e o que resta do antigo edifício, Dias Lourenço evoca as peripécias pelas quais passou para se evadir e mostra algumas das salas onde ele e os seus camaradas viviam diariamente. Foi depois de ter sido castigado a um mês de “segredo” (um cubículo sem luz destinado às piores reprimendas) que resolveu engendrar uma das mais bem sucedidas e espectaculares fugas.


O Adeus à Brisa

de Possidónio Cachapa
55´ Portugal 2008
Um homem fala sobre o seu passado, que se confunde com o da História do seu país. Num discurso comovente, evoca a luta pela liberdade e a sua crença nas revoluções e na supremacia da Beleza. Sentado na sua sala, Urbano Tavares Rodrigues mantém-se o escritor, o resistente, o que acredita no melhor do Homem. E se as coisas em que acreditou nem sempre lhe corresponderam foi porque ainda não tinha chegado o tempo certo. Mas vai haver um mundo novo. Vai haver. No meio do Tempo, Urbano reflecte, enquanto a brisa do sul não cessa de soprar.
20 OUT. 21.30 - Museu do Oriente 23 OUT. 16.00 - Londres (sala 2) 24 OUT. 16.15 – Culturgest (pequeno auditório)
A Day to Remember
de Liu Wei
13´China 2005
Estamos no dia 4 de Junho de 2005 e o cineasta Liu Wei pega na câmara de filmar em direcção à Praça Tiananmen e à Universidade de Pequim com uma pergunta na cabeça: que dia é hoje? À medida que coloca esta questão às várias pessoas com que se cruza, confronta-se com respostas evasivas e a recusa da maioria em relembrar os protestos estudantis de há 16 anos atrás. Muitos afirmam desconhecer os acontecimentos e afastam-se rapidamente, outros limitam-se a olhar para a câmara. A Day to Remember reflecte o mutismo inquieto em que a memória do dia 4 de Junho caiu e como a revolta desse tempo se mantém ainda hoje um tema proibido na China.

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