sexta-feira, dezembro 28, 2007
quinta-feira, dezembro 27, 2007
800 Euros
É o valor que um grupo de amigos vai despender pela estadia, num medíocre T2, no próximo fim-de-semana prolongado, na Nazaré. Parece que foi o melhor preço para ambas as partes.
A preocupação deste grupo estaria, não tanto com as condições que a casa pudesse oferecer - muito menos com o lhes vai sair do bolso – mas com a aceitação, por parte da arrendadora, do respectivo número de hóspedes. Uma dúzia, “mas podem ser mais”. Perceberam, no segundo a seguir, que tinha sido uma sorte terem avançado com um número par, pois para a nazarena, mais importante que o número de estranhos que lhe vai invadir a sua casa, seria o tipo de inter-relacionamentos entre si: “Quantos casais são?”. Ora bem e não é que a teoria da senhora das sete saias faz sentido: enquanto acasalam, não destroem a casa! Ficamos, assim, todos a saber que, ao contrário da especulação imobiliária, a poligamia não é uma prática vista com bons olhos pela classe das varinas da Nazaré.
A preocupação deste grupo estaria, não tanto com as condições que a casa pudesse oferecer - muito menos com o lhes vai sair do bolso – mas com a aceitação, por parte da arrendadora, do respectivo número de hóspedes. Uma dúzia, “mas podem ser mais”. Perceberam, no segundo a seguir, que tinha sido uma sorte terem avançado com um número par, pois para a nazarena, mais importante que o número de estranhos que lhe vai invadir a sua casa, seria o tipo de inter-relacionamentos entre si: “Quantos casais são?”. Ora bem e não é que a teoria da senhora das sete saias faz sentido: enquanto acasalam, não destroem a casa! Ficamos, assim, todos a saber que, ao contrário da especulação imobiliária, a poligamia não é uma prática vista com bons olhos pela classe das varinas da Nazaré.
terça-feira, dezembro 25, 2007
Bom dia!
Desperta com a pouco claridade que vai sorrateiramente entrando pela janela semifechada do quarto. Vai ganhando consciência, primeiro de onde está e logo de seguida, de que não está só. Vira-se para quem está ao seu lado e fica ali ainda alguns minutos a contemplar aquela magnífica porção limitada de matéria quase estranha que os lençóis não conseguem cobrir. O pescoço, a boca, o nariz, o cabelo. Os olhos tremem e ouve-se a respiração, aquele seria o melhor momento para poder cometer o perverso acto de observar os detalhes sem estar na condição perturbante (e intimidante) de poder estar sujeito ao mesmo processo. Entretanto, aquela experiência necessita de passar a outro nível e decide aventurar a sua mão até ao corpo meio desconhecido. Começa pelo cabelo e, depois, desce até ao rosto, passando os dedos ao de leve pelas pálpebras e os seus grossos lábios. Quando toca-lhe nas orelhas, o outro ser ressente-se e mexe-se ligeiramente. Pára. Ganha novamente confiança e avança para um ombro destapado. Enquanto vai descendo pelo braço abaixo, o choque da diferença de temperatura vai sendo gradual e tornando, assim, eminente o outro despertar.
Abre timidamente os olhos, sorri e puxa bruscamente aquele corpo que o acordou para junto de si. Estranha-se um primeiro beijo, entranham-se os restantes. Ficam ali. aqueles dois corpos entrelaçados, durante infinitos minutos, no centro daquela grande cama até os cheiros e sabores de cada um voltarem a misturar-se e o desejo pedir que aquele contacto se torne ainda mais íntimo.
Abre timidamente os olhos, sorri e puxa bruscamente aquele corpo que o acordou para junto de si. Estranha-se um primeiro beijo, entranham-se os restantes. Ficam ali. aqueles dois corpos entrelaçados, durante infinitos minutos, no centro daquela grande cama até os cheiros e sabores de cada um voltarem a misturar-se e o desejo pedir que aquele contacto se torne ainda mais íntimo.
sexta-feira, dezembro 21, 2007
O capitalismo
Retirado deste livro notável:
“A rede de distribuição capitalista, uma complexa cadeia de fábrica, transporte, depósito e pontos-de-vendas, é um dos maiores feitos masculinos na história da cultura. É um circuito apolíneo, com a rapidez do raio, de aliança masculina. Uma das irritantes reações automáticas do feminismo é seu desdém de bom-tom pela “sociedade patriarcal”, a que jamais se atribui alguma coisa de bom. Mas foi a sociedade patriarcal que me libertou a mim como mulher. Foi o capitalismo que me proporcionou o lazer para me sentar a esta mesa e escrever este livro. Vamos parar de ser tacanhas em relação aos homens e reconhecer livremente os tesouros que a obsessividade deles despejou na cultura.
Podíamos fazer um catálogo das conquistas masculinas, das estradas pavimentadas, do encanamento das casas e das máquinas de lavar aos óculos, antibióticos e fraldas descartáveis. Desfrutamos de leite e carne fresco , sadios. Quanto atravesso a ponte George Washington ou qualquer das grandes pontes dos Estados Unidos, penso: foram os homens que fizeram isso. A construção é uma sublime poesia masculina. Quando vejo um gigantesco guindaste passando numa carreta, paro com respeito e reverência, como faria com uma procissão. Que poder de concepção, que grandiosidade: esses guindastes nos ligam ao antigo Egito, onde a arquitetura monumental foi imaginada e realizada pela primeira vez. Se se tivesse deixado a civilização nas mãos da mulher, ainda estaríamos morando em cabanas de palha. A mulher contemporânea que usa capacete de operário simplesmente entra num sistema conceitual inventado pelos homens . O capitalismo é uma forma de arte, uma invenção para rivalizar com a natureza. É hipocrisia das feministas e dos intelectuais desfrutarem os prazeres e conveniências do capitalismo, fazendo ao mesmo tempo pouco dele. Todos os que nasceram no capitalismo incorreram em dívida com ele. Daí a César o que é de César. ”
quinta-feira, dezembro 20, 2007
Abriu oficialmente a época de caça à sms natalícia
Quando nasci deram-me a escolher entre um pénis grande ou uma memória grande, e eu agora já não me lembro se te mandei a mensagem a desejar um bom natal...
Vindo de uma amiga, não sei lhe recorde umas lições de anatomia ou lhe deva dar, simplesmente, os parabéns!
Quando te sentires a pessoa mais infeliz do mundo, lembra-te que um dia foste o espermatozóide mais rápido do grupo! Feliz Natal.
Boa, quando me sentir a pessoa mais infeliz do mundo já sei com quem não contar. Sim, porque pior que sentir-se um inútil, é ser um ser microscópico.
Se um homem gordo, velho, vestido de vermelho te tentar embrulhar não resistas... fui eu que já escolhi a prenda deste natal.
Com miúdas tão prendadas no Carrefour, tenho mesmo que ser embrulhado pelo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Rebuguengas de Baixo?
Vindo de uma amiga, não sei lhe recorde umas lições de anatomia ou lhe deva dar, simplesmente, os parabéns!
Quando te sentires a pessoa mais infeliz do mundo, lembra-te que um dia foste o espermatozóide mais rápido do grupo! Feliz Natal.
Boa, quando me sentir a pessoa mais infeliz do mundo já sei com quem não contar. Sim, porque pior que sentir-se um inútil, é ser um ser microscópico.
Se um homem gordo, velho, vestido de vermelho te tentar embrulhar não resistas... fui eu que já escolhi a prenda deste natal.
Com miúdas tão prendadas no Carrefour, tenho mesmo que ser embrulhado pelo Comandante dos Bombeiros Voluntários de Rebuguengas de Baixo?
Continua... ou não.
terça-feira, dezembro 18, 2007
segunda-feira, dezembro 17, 2007
Estranha tendência
Estacionar carros nos passeios para além de ser uma prática ilegal, é um acto prevaricador da ordem pública. Um total desrespeito por todos os cidadãos que só possuem este espaço para circular na via pública. Mas, na minha opinião, este deve ser um problema para ser resolvido rigorosamente fazendo cumprir a lei ou em último caso, indirectamente, pela sua subjectividade problemática (cada caso será um caso) e não com soluções “chapa cinco” sem, por exemplo, questionar os seus utilizadores - sobretudo os residentes - se acham tal resposta viável.
Expõe-se uma reclamação à autarquia local e enviam-se uns especialistas para se arquitectar uma solução. Conclusão: pinos e mais pinos! Obra feita e o resultado está à vista de todos: perdeu-se um óptimo e amplo passeio junto das garagens e ganhou-se uma curiosa pista de gincana de bicicletas.
Alguém devia estudar esta estranha e sistemática tendência, dos senhores engenheiros e/ou arquitectos das Câmaras Municipais, para apresentar estas protecções fálicas espetadas no solo, como solução única e inquestionável para resolver o problema do estacionamento abusivo.
Expõe-se uma reclamação à autarquia local e enviam-se uns especialistas para se arquitectar uma solução. Conclusão: pinos e mais pinos! Obra feita e o resultado está à vista de todos: perdeu-se um óptimo e amplo passeio junto das garagens e ganhou-se uma curiosa pista de gincana de bicicletas.
Alguém devia estudar esta estranha e sistemática tendência, dos senhores engenheiros e/ou arquitectos das Câmaras Municipais, para apresentar estas protecções fálicas espetadas no solo, como solução única e inquestionável para resolver o problema do estacionamento abusivo.
sexta-feira, dezembro 14, 2007
Maior que a vida
Há momentos aparentemente insignificantes no nosso dia-a-dia que, por transmitirem uma certa carga sentimental inexplicável, podem-se tornar eternos.
Uma viagem de comboio que faça a ligação entre as duas principais cidades do país, teoricamente, pode ser um suplício, sobretudo para quem não esteja habituado e se limitar a pensar nas suas três horas de duração (na hipótese menos económica mas mais rápida). Um jornal ou uma revista pode ajudar a passar o tempo, mas observar as paisagens (enquanto se “pensa na vida”) também pode dar um contributo não menos valioso.
O comboio parte da estação de Santa Apolónia (Lisboa) meia-hora depois das sete da manhã e ainda as luzes públicas iluminam umas estradas praticamente desertas. Por outro lado, algumas luzes acesas nos prédios são um indício de que a cidade começa a despertar para mais um dia. Entretanto deixo de ver edifícios e estradas e passo a ver o campo. Lá mais ao fundo uma parte do rio começa a tomar uma tonalidade alaranjada. Este momento coincide com o meu acto de meter os auscultadores do leitor de mp3 nos ouvidos. Enquanto o sol, timidamente, começava-me a iluminar o horizonte, os Band of Horses aqueciam-me o corpo e a alma. Alternando de funções, ambos, assim me acompanharam no resto da viagem, naquela manhã fria, até ao Porto.
Uma viagem de comboio que faça a ligação entre as duas principais cidades do país, teoricamente, pode ser um suplício, sobretudo para quem não esteja habituado e se limitar a pensar nas suas três horas de duração (na hipótese menos económica mas mais rápida). Um jornal ou uma revista pode ajudar a passar o tempo, mas observar as paisagens (enquanto se “pensa na vida”) também pode dar um contributo não menos valioso.
O comboio parte da estação de Santa Apolónia (Lisboa) meia-hora depois das sete da manhã e ainda as luzes públicas iluminam umas estradas praticamente desertas. Por outro lado, algumas luzes acesas nos prédios são um indício de que a cidade começa a despertar para mais um dia. Entretanto deixo de ver edifícios e estradas e passo a ver o campo. Lá mais ao fundo uma parte do rio começa a tomar uma tonalidade alaranjada. Este momento coincide com o meu acto de meter os auscultadores do leitor de mp3 nos ouvidos. Enquanto o sol, timidamente, começava-me a iluminar o horizonte, os Band of Horses aqueciam-me o corpo e a alma. Alternando de funções, ambos, assim me acompanharam no resto da viagem, naquela manhã fria, até ao Porto.
terça-feira, dezembro 11, 2007
Ninguém goza com um homem "cheiroso"?
Ou são os treinadores, ou são os dirigentes, nem o seleccionador nacional escapa, muito menos os comentadores ou os adeptos. Todas as personalidades públicas ligadas directa ou indirectamente ao mundo futebolístico, de certa forma, são alvos fáceis da chacota pública. Todos, ou quase todos, nos rimos com os gatos fedorento a imitarem o Paulo Bento ou o Scolari, ou mesmo, o já por si muito cómico comentador, Rui Santos. Então alguém que me explique porque é que deixam passar ao lado os comportamentos (a)típicos dos jogadores de futebol? De onde vem tal impunidade social?
Estou quase a acreditar que o facto de eles todos falarem daquela maneira muito arrastada, de forma arranjar as palavras bonitas – daquelas que eles nunca usariam entre quatro linhas - para não estragarem o tal discurso politicamente correcto chapa cinco, é só para que os jornalistas acompanhem, palavra a palavra e por escrito, o que, no fundo, toda a gente já sabe de cor e salteado (de tantas vezes ouvir sair das bocas de outros jogadores). Esta ligeireza de raciocínio não seria, por si só, uma boa razão para dar largas à nossa tendência trocista?
O Ricardo Quaresma, juntou-se a um grande adepto do F.C.P., vocalista dos Blind Zero nas horas vagas, e fizeram, os dois, ontem, uma pequena reportagem para o “Jornal da Noite” da SIC onde mostravam o balneário do seu clube. Resultado: por mais que o adepto tentasse desvirtuar o discurso do jogador, a conversa entrava sempre nos “carris” e lá iam eles pela conversa do costume. “Muito orgulho por vestir esta camisola... o peso do símbolo e do nome... é aqui que ouvimos as indicações do treinador... e festejamos as vitórias... yada yada...”. A coisa de repente parece ter tomado outros contornos quando a conversa começou a traçar umas tangentes perigosas à higiene íntima do jogador. Enquanto se via umas embalagens de desodorizante da Sanex, gel de barbear Fusion, um pó de talco da Johnson, entre outras, o jogador confessava: “Sou muito cheiroso, gosto de me perfumar... porque os ciganos têm a fama de cheirar mal... mas, olha, mesmo assim ninguém me pega!”.
Os homens de sucesso de hoje são mesmo assim: pouco originais e honestos no seu discurso mas muito, muito competentes e... cheirosos.
Estou quase a acreditar que o facto de eles todos falarem daquela maneira muito arrastada, de forma arranjar as palavras bonitas – daquelas que eles nunca usariam entre quatro linhas - para não estragarem o tal discurso politicamente correcto chapa cinco, é só para que os jornalistas acompanhem, palavra a palavra e por escrito, o que, no fundo, toda a gente já sabe de cor e salteado (de tantas vezes ouvir sair das bocas de outros jogadores). Esta ligeireza de raciocínio não seria, por si só, uma boa razão para dar largas à nossa tendência trocista?
O Ricardo Quaresma, juntou-se a um grande adepto do F.C.P., vocalista dos Blind Zero nas horas vagas, e fizeram, os dois, ontem, uma pequena reportagem para o “Jornal da Noite” da SIC onde mostravam o balneário do seu clube. Resultado: por mais que o adepto tentasse desvirtuar o discurso do jogador, a conversa entrava sempre nos “carris” e lá iam eles pela conversa do costume. “Muito orgulho por vestir esta camisola... o peso do símbolo e do nome... é aqui que ouvimos as indicações do treinador... e festejamos as vitórias... yada yada...”. A coisa de repente parece ter tomado outros contornos quando a conversa começou a traçar umas tangentes perigosas à higiene íntima do jogador. Enquanto se via umas embalagens de desodorizante da Sanex, gel de barbear Fusion, um pó de talco da Johnson, entre outras, o jogador confessava: “Sou muito cheiroso, gosto de me perfumar... porque os ciganos têm a fama de cheirar mal... mas, olha, mesmo assim ninguém me pega!”.
Os homens de sucesso de hoje são mesmo assim: pouco originais e honestos no seu discurso mas muito, muito competentes e... cheirosos.
segunda-feira, dezembro 10, 2007
A propósito de cimeiras cheias de boas intenções, o Sócrates* teria dito:
Se o desonesto soubesse a vantagem de ser honesto, ele seria honesto pelo menos por desonestidade.
*Não o português, o grego!
sábado, dezembro 08, 2007
Duo maravilha
Mas há algo que o António Barreto e a Joana Pontes peguem que o resultado não seja genial?
Depois de “Portugal, um retrato social”, chegou a vez de “Nós e a Televisão” e “A televisão e o Poder”, dois documentários que passaram a seguir ao Telejornal nas passadas quinta e sexta-feira. Estão todos de parabéns: os autores, pelos excelentes documentários realizados à volta da temática televisiva no nosso país: a evolução da TV ao longo das últimas décadas e as influências* que teve, tem e terá nosso quotidiano, sob a perspectiva de quem a vê e de quem a faz; e o canal estatal, por continuar a apostar em programas de qualidade para preencher o seu horário nobre. Não podia deixar de realçar também que o duo, desta vez, transformou-se em trio, com a entrada para a parte da locução de uma das vozes mais bonitas de Portugal: Inês Menezes.
*Lembram-se da morte do Dino, dos “Morangos”?
“Milhares de adolescentes vieram de todos os pontos país para assistir aquele que foi um dos mais mediatizados funerais dos últimos tempos: o de Francisco Adam. A larga maioria só o conhecia de uma telenovela. Ninguém soube explicar a eles que quem tinha morrido dias antes, era bem mais que uma personagem de ficção.”
Depois de “Portugal, um retrato social”, chegou a vez de “Nós e a Televisão” e “A televisão e o Poder”, dois documentários que passaram a seguir ao Telejornal nas passadas quinta e sexta-feira. Estão todos de parabéns: os autores, pelos excelentes documentários realizados à volta da temática televisiva no nosso país: a evolução da TV ao longo das últimas décadas e as influências* que teve, tem e terá nosso quotidiano, sob a perspectiva de quem a vê e de quem a faz; e o canal estatal, por continuar a apostar em programas de qualidade para preencher o seu horário nobre. Não podia deixar de realçar também que o duo, desta vez, transformou-se em trio, com a entrada para a parte da locução de uma das vozes mais bonitas de Portugal: Inês Menezes.
*Lembram-se da morte do Dino, dos “Morangos”?
“Milhares de adolescentes vieram de todos os pontos país para assistir aquele que foi um dos mais mediatizados funerais dos últimos tempos: o de Francisco Adam. A larga maioria só o conhecia de uma telenovela. Ninguém soube explicar a eles que quem tinha morrido dias antes, era bem mais que uma personagem de ficção.”
quinta-feira, dezembro 06, 2007
terça-feira, dezembro 04, 2007
A minha Maria tem tanto jeitinho para automóveis como eu para a doçaria conventual
Há misoginia em fóruns do mundo automóvel? Comecei por estranhar a escassa participação de mulheres nestes espaços, mas inicialmente pensei que tal se devia ao pouco interesse que tais assuntos lhes pudessem provocar. Mais tarde deparei-me com uma certa hostilidade por parte de alguns participantes masculinos, sobre quaisquer abordagens feitas por alguém do sexo feminino em tópicos da especialidade. E não só. Tal repúdio por vezes estendia-se a “threaths” da categoria “off-topic”. Mas de onde vem tanta intolerância perante as opiniões dos membros do sexo oposto em fóruns onde a Soraia Chaves é Deus?
Bom, parece-me óbvio que, se não houvesse a obrigatoriedade de preencher o sexo nos perfis dos “foruenses” não haveria tanta discórdia e eu ficaria sem assunto para me entreter. Por isso: obrigado , web administrators!
Como qualquer “macho” que se preze, aqueles homens não gostam de ser confrontados com a realidade de que uma mulher também possa ter uma opinião sobre um tema que julgam dominar (sobretudo se for uma opinião contrária à deles). Aliás, acredito que, para alguns, só o facto de elas poderem ter uma opinião já é motivo suficiente para lhes causarem algumas náuseas. Não me estou a referir propriamente a uma geração de homens que só vêm as (suas) mulheres de volta dos tachos e panelas e outros afazeres domésticos. Trata-se da geração posterior a essa: os filhos destes, provavelmente. Deu-se a evolução: a rapariga/mulher saiu da cozinha directamente para uma recepção ou uma caixa de supermercado, mas continua, pelo menos para eles, sem direito a ter opinião própria sobre certos, ou mesmo todos, assuntos.
“A minha Maria”, como a maioria “carinhosamente” – as aspas, não sendo tendenciosas, servem somente para que cada um aplique o sentido que mais lhe convir - gostam-lhe de chamar, é chamada ao assunto dos tópicos destes fóruns, quando se referem à companhia - tipo apêndice – que os acompanha até um determinado local. Um deles diz, “o meu GPS é a minha Maria, peço-lhe o mapa e depois oriento-me” e o resto da “comunidade foruense” acha isto muito hilariante. Portanto, tem nome – Maria, vá lá - mas não sabe ver mapas, não se orienta, enfim: não tem uma vida própria.
A mulher com quem um destes homens escolheu partilhar a vida é mesmo a tal, a especial, a que nunca saberá trocar um pneu, nem nunca terá capacidades suficientes para decifrar as siglas TDI, CTDI, GTI, TSI, etc., que necessitará de um espaço especial e alargado para estacionar quando se aventurar a ir aos centros comerciais sem ele e vai continuar a colocar o óleo no carro pelo orifício da vareta. Tudo isto em nome do bem-estar geral público e sobretudo para que nada afecte uma normalidade social estereotipada, a tal (também), que só existe na cabeça dele (e dos que pensam como ele). Isto parece quase resultar de um mandamento do subconsciente. “Não deixarás que a mulher que durma na mesma cama que tu, domine as matérias que compete a ti dominar”. Amén.
Ela dorme com ele e ele sonha com a Soraia Chaves. Isto até ao dia em que um sonho erótico se transformar num pesadelo: quando a Soraia lhe aparecer à frente com uma lingerie muito sexy e começar-lhe a debitar uns parágrafos de um qualquer manual de mecânica de automóveis.
Como qualquer “macho” que se preze, aqueles homens não gostam de ser confrontados com a realidade de que uma mulher também possa ter uma opinião sobre um tema que julgam dominar (sobretudo se for uma opinião contrária à deles). Aliás, acredito que, para alguns, só o facto de elas poderem ter uma opinião já é motivo suficiente para lhes causarem algumas náuseas. Não me estou a referir propriamente a uma geração de homens que só vêm as (suas) mulheres de volta dos tachos e panelas e outros afazeres domésticos. Trata-se da geração posterior a essa: os filhos destes, provavelmente. Deu-se a evolução: a rapariga/mulher saiu da cozinha directamente para uma recepção ou uma caixa de supermercado, mas continua, pelo menos para eles, sem direito a ter opinião própria sobre certos, ou mesmo todos, assuntos.
“A minha Maria”, como a maioria “carinhosamente” – as aspas, não sendo tendenciosas, servem somente para que cada um aplique o sentido que mais lhe convir - gostam-lhe de chamar, é chamada ao assunto dos tópicos destes fóruns, quando se referem à companhia - tipo apêndice – que os acompanha até um determinado local. Um deles diz, “o meu GPS é a minha Maria, peço-lhe o mapa e depois oriento-me” e o resto da “comunidade foruense” acha isto muito hilariante. Portanto, tem nome – Maria, vá lá - mas não sabe ver mapas, não se orienta, enfim: não tem uma vida própria.
A mulher com quem um destes homens escolheu partilhar a vida é mesmo a tal, a especial, a que nunca saberá trocar um pneu, nem nunca terá capacidades suficientes para decifrar as siglas TDI, CTDI, GTI, TSI, etc., que necessitará de um espaço especial e alargado para estacionar quando se aventurar a ir aos centros comerciais sem ele e vai continuar a colocar o óleo no carro pelo orifício da vareta. Tudo isto em nome do bem-estar geral público e sobretudo para que nada afecte uma normalidade social estereotipada, a tal (também), que só existe na cabeça dele (e dos que pensam como ele). Isto parece quase resultar de um mandamento do subconsciente. “Não deixarás que a mulher que durma na mesma cama que tu, domine as matérias que compete a ti dominar”. Amén.
Ela dorme com ele e ele sonha com a Soraia Chaves. Isto até ao dia em que um sonho erótico se transformar num pesadelo: quando a Soraia lhe aparecer à frente com uma lingerie muito sexy e começar-lhe a debitar uns parágrafos de um qualquer manual de mecânica de automóveis.
segunda-feira, dezembro 03, 2007
quinta-feira, novembro 29, 2007
Um país excessivamente orgulhoso é como um realizador de filmes porno: não fornica, nem sai de cima
Eu conheço um país que conseguiu isso tudo à conta de uma mão-de-obra pouco qualificada, praticamente iletrada e mal paga. Curiosamente, ou não, são esses trabalhadores que ainda suportam uma das maiores cargas fiscais da Europa, que, por sua vez, também serve para pagar todas essas “coisas boas”.
Esqueceu-se de mencionar o facto de sermos o país com a maior árvore natal, de ter realizado a maior feijoada, o maior magusto e por aí a fora...
Esqueceu-se de mencionar o facto de sermos o país com a maior árvore natal, de ter realizado a maior feijoada, o maior magusto e por aí a fora...
O facto de ter ficado a saber que o nosso país é “líder mundial na produção de feltros para chapéus” e “de rolhas de cortiça” - se bem que importamos a maior parte dessa matéria-prima (cortiça) de Marrocos e da Tunisia, uma vez que as manchas de sobreiro nacional estão envelhecidas, pois não há quem as renove; vale a pena explicar as razões? - quase fez o meu dia, mas por exemplo, essa história da invenção da “bilha de gás mais leve do mundo” não deixa um pouco a desejar, quando o ideal seria questionarmo-nos porque ainda não temos todas as nossas casas equipadas com gás canalizado?
Uma coisa parece-me certa: com o ordenado do Nicolau ou de qualquer um dos directores das empresas mencionadas, também eu seria o maior apologista do optimismo.
terça-feira, novembro 27, 2007
O medo
Numa última season sem um único episódio abaixo do nível brilhante – uma coerência que nem todas as outras grandes séries podem-se gabar, “Sete Palmos de Terra” incluída – também não será com este penúltimo episódio, que passou ontem na RTP2, que o currículo d’Os Sopranos ficará manchado. Antes pelo contrário.
Alguma tensão entre as duas principais famílias de mafiosos, revelados nos episódios anteriores, fazia adivinhar que a “guerra” estaria eminente. Provavelmente o que não se estaria à espera, era que ela fosse tão repentina e sangrenta para o lado dos Sopranos. Tony subestimou a força e a inteligência do inimigo e sabe que agora ele pode ser o próximo. A cena que encerra o episódio é sublime: refugiado e desesperado, o “nosso boss” encontra-se (muito bem) armado, deitado numa cama de um pequeno quarto, de uma casa incógnita, e tudo o que ele mais teme está para além daquela porta que ele vigia atentamente – esse magnífico plano final demonstra-o mais que quaisquer palavras. O medo no seu estado puro. Em tal situação, ao identificarmo-nos com tais características que revelam o seu lado mais humano, é impossível não ficarmos ali ao seu lado, agarrados aquela AR-10. Porque os heróis também cometem erros e perdem batalhas. E, sobretudo, temem pela sua própria vida.
Alguma tensão entre as duas principais famílias de mafiosos, revelados nos episódios anteriores, fazia adivinhar que a “guerra” estaria eminente. Provavelmente o que não se estaria à espera, era que ela fosse tão repentina e sangrenta para o lado dos Sopranos. Tony subestimou a força e a inteligência do inimigo e sabe que agora ele pode ser o próximo. A cena que encerra o episódio é sublime: refugiado e desesperado, o “nosso boss” encontra-se (muito bem) armado, deitado numa cama de um pequeno quarto, de uma casa incógnita, e tudo o que ele mais teme está para além daquela porta que ele vigia atentamente – esse magnífico plano final demonstra-o mais que quaisquer palavras. O medo no seu estado puro. Em tal situação, ao identificarmo-nos com tais características que revelam o seu lado mais humano, é impossível não ficarmos ali ao seu lado, agarrados aquela AR-10. Porque os heróis também cometem erros e perdem batalhas. E, sobretudo, temem pela sua própria vida.
segunda-feira, novembro 26, 2007
Anúncio
Procuro companheiro macho. A origem étnica não é importante. Sou muito boa fêmea e adoro brincadeiras. Gosto muito de passeios nas matas, gosto de andar de jeep, de viagens para caçar e acampar. As noites de inverno aconchegadas junto à lareira deixam-me mansinha e fazem que vá comer-lhe à mão. Quando voltar a casa do trabalho esperá-lo-ei à porta, vestindo apenas o que a natureza me deu. Telefone para XXXXXXXXX e pergunte pela Micas. Aguardo notícias suas...
Resultado: uns bons milhares de homens deram por si a telefonar para a Secção de Caninos da Sociedade Protectora dos Animais.
Resultado: uns bons milhares de homens deram por si a telefonar para a Secção de Caninos da Sociedade Protectora dos Animais.
sexta-feira, novembro 23, 2007
OrgulhoChinchila.Com
A minha sobrinha quer uma Chinchila. Sinceramente acho que nunca vi tal bicho ao vivo e agora, que pesquisei fotos dele pela net, congratulo-me por tal feito. Há pequeno roedor mais feiozinho? Nada contra o bicho em si mas, depois de me aparecer à frente, cheguei ao ponto de ponderar na hipótese de mudar de família, se algum destes seres desta espécie passarem a fazer parte do agregado de um familiar meu. Mas quem consegue resistir a um pedido de uma miúda de 10 anos quando ela puxa pelo seu lado mais ternurento e suplica-nos com os seus lindos olhos azulóesverdeadosouqueraiodecoréaquela? Eu. “Não sou mais inteligente que uma miúda de 10 anos”, mas também não sou assim tão burro ao ponto de deixar-me influenciar por ela. No entanto, como as notas dos seus testes neste primeiro período até tem sido boas, está na altura de ceder qualquer coisa e dei por mim a procurar o citado animal.
Pelos preços praticados nas lojas de animais, fiquei com vontade de pegar em qualquer rato de esgoto e aplicar-lhe uma cirurgia estética de esticamento-até-não-poder-mais de orelhas e da cauda e a miúda nem dava por nada. Entretanto lembrei-me dos anúncios da net. Bingo: preços bem mais em conta, alguns já vêm com gaiola e até o entregam no domicílio. Foi numa dessas pesquisas que fiquei perplexo com vários anúncios deste tipo: “Tenho para venda chinchila macho bege hetero...”. Hetero? O cúmulo do azar: as Chinchilas para além do infortúnio de terem aquele aspecto, também são obrigadas a ter uma orientação sexual definida. Continuo ininterruptamente a questionar-me. E quem a define? A própria Chinchila? Ou os donos? Como? Pela maior ou menor destreza na agitação da cauda? Ou pelo volume dos seus guinchinhos?
Parei a minha dedicação sobre o assunto por ali porque entretanto tinha descoberto que havia outros animais a “brincarem” com o mesmo tema. Só que desta vez consta que há uma componente extra de “orgulho”: uma cerveja de qualidade - na perspectiva de um mediano apreciador – manhosa optou por uma campanha polémica (e sem sentido) para se autopromover. Assim em segundos, o meu estereótipo do nosso maior macho latino passou, automaticamente, de um "xéxé" camarinha para uma Chinchila a beber uma tagus fresquinha e a mandar um piropo, do género: “devorava-te todinha até ficares com a cauda encaracolada” (que é como quem diz: guinchar ruidosamente), à Chinchila (fêmea e hetero, obviamente) que tivesse a “sorte” de passar por perto.
Parei a minha dedicação sobre o assunto por ali porque entretanto tinha descoberto que havia outros animais a “brincarem” com o mesmo tema. Só que desta vez consta que há uma componente extra de “orgulho”: uma cerveja de qualidade - na perspectiva de um mediano apreciador – manhosa optou por uma campanha polémica (e sem sentido) para se autopromover. Assim em segundos, o meu estereótipo do nosso maior macho latino passou, automaticamente, de um "xéxé" camarinha para uma Chinchila a beber uma tagus fresquinha e a mandar um piropo, do género: “devorava-te todinha até ficares com a cauda encaracolada” (que é como quem diz: guinchar ruidosamente), à Chinchila (fêmea e hetero, obviamente) que tivesse a “sorte” de passar por perto.
terça-feira, novembro 20, 2007
É por estas e por outras que hoje em dia não acredito em santas de altar nem em machões que se auto-intitulam de barba rija
Um amigo ao contar-me a sua última aventura fez-me dissertar uma vez mais sobre o tema da perversão. Ele sempre foi extremamente liberal a nível sexual e por isso tento previamente preparar a minha “psico” para o que me vai contar nos minutos seguintes. No entanto, em um ou outro pormenor, acaba sempre por me surpreender. Parece que desta vez não fui o único.
Envolveu-se num curioso jogo de submissão. Ele dominador, o outro o dominado. Todas as regras foram estipuladas previamente no messenger. Pediu, perdão, exigiu ao outro que aparecesse à porta de sua casa vendado e trazendo um (“excitante”) fio dental como roupa interior. Nem passou uma hora até o outro aparecer-lhe em casa naqueles propósitos. Ficou surpreendido, mesmo sabendo antecipadamente todas as características de quem estava naquele momento à sua frente: muito bem constituído fisicamente, que justificaria a sua função de um cargo razoavelmente prestigiado no exército nacional e a transpirar masculinidade por todos os poros - e parece que eram mesmo muitos, dado os seus mais de um metro e noventa de altura. Não houve troca de quaisquer palavras. O submisso deixou-se conduzir até ao quarto pelo seu mestre. Despem-se. O meu amigo toma imediatamente a decisão de colocar um preservativo ao reparar que o outro já estava “de quatro”, só com a tal lingerie vestida, em cima da sua cama, disposto veementemente a fazer honrar o seu compromisso. Os preliminares (ou quaisquer outro tipo de preparativos) não estavam nas regras, o “senhor militar” também assim preferiu. Consta que no início ainda se ouviu uns grunhidos agudos de dor, mas parece que o homem aguentou-se bem às primeiras investidas.Território conquistado e já suplicava por mais. O entusiasmo da vitória atingiu o nível hardcoresco de um “arrebenta-me as entranhas”! Sim... Utilizava uns nomes menos próprios. Não de serem exclamados em momentos de grande excitação como aquele, mas soavam no mínimo estranho ao serem proclamados por um senhor com uma voz muito grossa, um “senhor militar”, chefe de família, pai de filhos e por aí a fora. Foi então essa a segunda surpresa, a fantasia do “sargento submisso”, chegou ao ponto de trocar os nomes dos seus órgãos sexuais. Então, por sua legítima vontade: o seu ânus passou naquele momento a ser uma potentíssima vagina insaciável - peço desculpa, por qualquer coisinha, mas é a minha melhor tradução “soft” possível da designação relatada. Do que conheço do meu amigo, tal não é coisa para causar-lhe grandes amassos na consciência, por isso perseguiram como se não houvesse amanhã - sobretudo como se não houvesse um passado castrador por explicar -, até quase ao fim do mundo, mas não até ao fim do jogo. Porque este só terminou, quando o meu amigo exigiu que o outro se metesse, em dois segundos, fora de sua casa, mas tal não aconteceu sem antes de ele ter estado sentado no sofá durante mais de 5 minutos, a fumar um cigarro, enquanto que o seu servo se mantinha de coqueras, no centro da sala, a servir de apoio para as suas pernas. Perguntei-lhe com um ar trocista: “Foi ideia tua?”, o meu amigo franziu a testa. “Achas?!”. O que perfez a sua terceira surpresa daquele final de tarde.
Foi no preciso momento em que o seu “partner do jogo”, depois do acto (bem) consumado, se ter colocado de joelhos à sua frente (sem que ele tenha dado tal ordem) que o meu amigo percebeu que tinha acabado de participar em algo que transcendia a concretização de uma simples fantasia ou de uma mera brincadeira entre dois adultos.
Não tenho certezas absolutas sobre a minha própria sexualidade quanto mais de alguém que não conheço. Nem nunca conseguirei provar que desejos reprimidos e alguns estigmas e preconceitos por resolver podem resultar numa mistura explosiva na constituição da personalidade de qualquer indivíduo. Mas sei, por mim e por quem me já foi dado a conhecer, que a sexualidade humana vai muito para além das duas ou três designações estereotipadas que a ciência e a sociedade pediram para nos encaixarmos e que nada disto até nem traria grande mal ao mundo se tal obrigatoriedade, não provocasse, em certas pessoas, uma perversão sem limites. E sem retorno.
Envolveu-se num curioso jogo de submissão. Ele dominador, o outro o dominado. Todas as regras foram estipuladas previamente no messenger. Pediu, perdão, exigiu ao outro que aparecesse à porta de sua casa vendado e trazendo um (“excitante”) fio dental como roupa interior. Nem passou uma hora até o outro aparecer-lhe em casa naqueles propósitos. Ficou surpreendido, mesmo sabendo antecipadamente todas as características de quem estava naquele momento à sua frente: muito bem constituído fisicamente, que justificaria a sua função de um cargo razoavelmente prestigiado no exército nacional e a transpirar masculinidade por todos os poros - e parece que eram mesmo muitos, dado os seus mais de um metro e noventa de altura. Não houve troca de quaisquer palavras. O submisso deixou-se conduzir até ao quarto pelo seu mestre. Despem-se. O meu amigo toma imediatamente a decisão de colocar um preservativo ao reparar que o outro já estava “de quatro”, só com a tal lingerie vestida, em cima da sua cama, disposto veementemente a fazer honrar o seu compromisso. Os preliminares (ou quaisquer outro tipo de preparativos) não estavam nas regras, o “senhor militar” também assim preferiu. Consta que no início ainda se ouviu uns grunhidos agudos de dor, mas parece que o homem aguentou-se bem às primeiras investidas.Território conquistado e já suplicava por mais. O entusiasmo da vitória atingiu o nível hardcoresco de um “arrebenta-me as entranhas”! Sim... Utilizava uns nomes menos próprios. Não de serem exclamados em momentos de grande excitação como aquele, mas soavam no mínimo estranho ao serem proclamados por um senhor com uma voz muito grossa, um “senhor militar”, chefe de família, pai de filhos e por aí a fora. Foi então essa a segunda surpresa, a fantasia do “sargento submisso”, chegou ao ponto de trocar os nomes dos seus órgãos sexuais. Então, por sua legítima vontade: o seu ânus passou naquele momento a ser uma potentíssima vagina insaciável - peço desculpa, por qualquer coisinha, mas é a minha melhor tradução “soft” possível da designação relatada. Do que conheço do meu amigo, tal não é coisa para causar-lhe grandes amassos na consciência, por isso perseguiram como se não houvesse amanhã - sobretudo como se não houvesse um passado castrador por explicar -, até quase ao fim do mundo, mas não até ao fim do jogo. Porque este só terminou, quando o meu amigo exigiu que o outro se metesse, em dois segundos, fora de sua casa, mas tal não aconteceu sem antes de ele ter estado sentado no sofá durante mais de 5 minutos, a fumar um cigarro, enquanto que o seu servo se mantinha de coqueras, no centro da sala, a servir de apoio para as suas pernas. Perguntei-lhe com um ar trocista: “Foi ideia tua?”, o meu amigo franziu a testa. “Achas?!”. O que perfez a sua terceira surpresa daquele final de tarde.
Foi no preciso momento em que o seu “partner do jogo”, depois do acto (bem) consumado, se ter colocado de joelhos à sua frente (sem que ele tenha dado tal ordem) que o meu amigo percebeu que tinha acabado de participar em algo que transcendia a concretização de uma simples fantasia ou de uma mera brincadeira entre dois adultos.
Não tenho certezas absolutas sobre a minha própria sexualidade quanto mais de alguém que não conheço. Nem nunca conseguirei provar que desejos reprimidos e alguns estigmas e preconceitos por resolver podem resultar numa mistura explosiva na constituição da personalidade de qualquer indivíduo. Mas sei, por mim e por quem me já foi dado a conhecer, que a sexualidade humana vai muito para além das duas ou três designações estereotipadas que a ciência e a sociedade pediram para nos encaixarmos e que nada disto até nem traria grande mal ao mundo se tal obrigatoriedade, não provocasse, em certas pessoas, uma perversão sem limites. E sem retorno.
domingo, novembro 18, 2007
Notícia em primeira mão
ASAE fecha ASAE
Na sequência de uma visita relâmpago dos inspectores da ASAE às instalações da ASAE, foram detectadas quantidades consideráveis de material videográfico e fonográfico, bem como de alimentos em adiantado estado de putrefacção e cem litros de ginginha. Alguns dos elementos da ASAE chegaram mesmo a ser presos por elementos da ASAE, no momento em que transportavam os sacos negros onde o material havia sido recolhido para análise. As alegações do responsável de dia pelas instalações, de que aquele material era resultante de uma acção sobre uma feira, não foram tidas em conta pelos oficiais da ASAE que comandaram esta acção, já considerada a mais bem sucedida desde a criação da Autoridade.
Cartão amarelo
A coerência não é palavra para constar do dicionário de alguns árbitros “tugas”. Ficam indiferentes se a viagem é para o Brasil ou para as Bahamas, se a “fruta” é brasileira ou ucraniana, mas são intransigentes quando se coloca em causa os valores da família e o tal pênalti (muito duvidoso).
quarta-feira, novembro 14, 2007
E se eu fosse trabalhar por conta de uma “galinha serial killer”?
Recebi uma proposta de emprego para trabalhar na Tabaqueira. Sem anúncios, sem envio de currículos, sem entrevistas. O inesperado convite de um ex-colega surgiu assim (quase) do meio do nada. E foi feito à frente de dois actuais colegas de trabalho. Por tal, não passou um dia e já metade da restante empresa estava ao corrente da situação. Houve quem não se fizesse rogado em vir logo dar-me os parabéns: que não pensasse duas vezes em decidir aceitar a oportunidade. E “oportunidade” é a palavra certa, pois, diz-se, que não é fácil entrar para os quadros de qualquer empresa do grupo Philip Morris, aliás, também diz-se, que os processos de selecção da Tabaqueira são do mais penoso e exigente que há, só mesmo superados (a nível de grau de dificuldade) pelos da Microsoft. Mas, curiosamente ou não, a maioria das interpelações que recebi vieram no sentido inverso. “Xiii, para a tabaqueira? Uma empresa que produz autênticos atestados de óbito em série?”, “Eticamente nunca aceitaria um lugar desses, nem por 1000 contos por mês”, “... se alguém da tua família fosse atropelado por um comboio irias trabalhar para a CP?”(?), “Uns verdadeiros assassinos em potência!”. “E uma verdadeira galinha de ovos de ouro para o nosso estado”, repostou alguém. “Que seja uma galinha serial killer, mas que de facto é uma bela fonte de riqueza nacional, lá isso é” pensei e completei eu. Ouvi de tudo, uns mais exagerados, outros mais apocalípticos. Bom há que em primeiro lugar perceber bem que quem lá trabalha não tem propriamente a função de enfiar os cigarros boca-a-dentro dos consumidores. E sim, a nicotina cria dependência. O álcool também, mas garantidamente não criaria tanta celeuma entre os meus colegas se esta proposta de trabalho viesse da Unicer.
Fiquei em ponderar melhor sobre o assunto. Comecei por pensar sobretudo na empresa para a qual trabalho actualmente. Uma multinacional pouco conhecida em Portugal e um pouco mais em outros países da Europa, na Ásia e Austrália. Mas, uma das grandes nos “States” (ficou no top 20 das maiores empresas americanas da "business-qualquer-coisa"). Por cá tem tido um progresso modesto mas consistente. Impostos, débitos e salários em dia, lucros razoáveis. Nada a declarar, por aqui, portanto. Entretanto, alargo o meu ponto de vista e chego a áreas de negócio em que somos dominadores no mercado norte-americano mas temos quota de mercado nula ou inexpressiva em Portugal. Ocorreu-me logo a (inevitável) actividade “aeroespacial”. Se ficássemos só pela contribuição com sistemas e peças para colocar aviõezinhos e naves americanas a voar e a ir à lua, respectivamente, dava-me por satisfeito e o assunto morria aqui. Mas não. Provavelmente 90% dos empregados portugueses desta empresa não sabem, nem querem saber (os restantes que sabem também não querem saber), que os aviões, helicópteros, radares, sistemas antimísseis que a força aérea americana usou e usa nas suas guerras tem material “nosso”. Sendo assim, que legitimidade terei eu (ou qualquer outro empregado desta empresa) para apontar o dedo e acusar um trabalhador de uma tabaqueira por falta de ética?
Fiquei em ponderar melhor sobre o assunto. Comecei por pensar sobretudo na empresa para a qual trabalho actualmente. Uma multinacional pouco conhecida em Portugal e um pouco mais em outros países da Europa, na Ásia e Austrália. Mas, uma das grandes nos “States” (ficou no top 20 das maiores empresas americanas da "business-qualquer-coisa"). Por cá tem tido um progresso modesto mas consistente. Impostos, débitos e salários em dia, lucros razoáveis. Nada a declarar, por aqui, portanto. Entretanto, alargo o meu ponto de vista e chego a áreas de negócio em que somos dominadores no mercado norte-americano mas temos quota de mercado nula ou inexpressiva em Portugal. Ocorreu-me logo a (inevitável) actividade “aeroespacial”. Se ficássemos só pela contribuição com sistemas e peças para colocar aviõezinhos e naves americanas a voar e a ir à lua, respectivamente, dava-me por satisfeito e o assunto morria aqui. Mas não. Provavelmente 90% dos empregados portugueses desta empresa não sabem, nem querem saber (os restantes que sabem também não querem saber), que os aviões, helicópteros, radares, sistemas antimísseis que a força aérea americana usou e usa nas suas guerras tem material “nosso”. Sendo assim, que legitimidade terei eu (ou qualquer outro empregado desta empresa) para apontar o dedo e acusar um trabalhador de uma tabaqueira por falta de ética?
segunda-feira, novembro 12, 2007
Tudo é recuperável?
Somos todos pela liberdade e pluralidade de ideias. Há no entanto uma característica chamada bom senso que permite-nos racionalizar essas ideias para o que faz (o mínimo) sentido e o que não faz. Há jornais e revistas que não nasceram para fazer este tipo de avaliação, mas há outras que (felizmente) sim, mas de vez em quando descuidam-se. Quando um jornal decide publicar uma ideia racista de um cientista ou uma revista, como a Visão, decide publicar a opinião de uma terapeuta (e psicóloga) dizendo que a homossexualidade é uma doença (mas “tem recuperação”), não o fazem inocentemente, não “é só mais uma opinião”. Sabem que são declarações, no mínimo, polémicas e que isso permitir-lhes-á uma maior mediatização. E uma mediatização conseguida à custa de uma palermice, hoje em dia, é “sucesso” garantido num país desejoso por ouvir e discutir palermices. Sobretudo quando elas são ditas por gente, supostamente, culta e inteligente.
Acredito até que a Visão, outras revistas e jornais deste país possam necessitar de um pouco de polémica para “sobreviver” - num mercado cada vez mais competitivo, principalmente desde a entrada dos jornais gratuitos - como uma senhora doutora terapeuta precisará de uma certa publicidade para amealhar mais uns trocos de uns tontos, que recorram às suas consultas de recuperação de uma sexualidade “normal”.
O novo desafio dos directores que ainda ponderam com bom senso nas decisões acerca do conteúdo das suas publicações, é saber se será compensador publicar uma alarvidade, mesmo que tal lhes aumente as tiragens e se fale no assunto durante uma semana (no máximo), em detrimento da perda de algo que muito dificilmente será recuperável: a sua credibilidade e fidelidade dos leitores (ofendidos ou que simplesmente não façam da “palhaçada” um modo de leitura informativa). A não ser que também haja por aí algum(a) terapeuta ou psicólogo/a especialista neste tipo de recuperações e eu desconheça.
Acredito até que a Visão, outras revistas e jornais deste país possam necessitar de um pouco de polémica para “sobreviver” - num mercado cada vez mais competitivo, principalmente desde a entrada dos jornais gratuitos - como uma senhora doutora terapeuta precisará de uma certa publicidade para amealhar mais uns trocos de uns tontos, que recorram às suas consultas de recuperação de uma sexualidade “normal”.
O novo desafio dos directores que ainda ponderam com bom senso nas decisões acerca do conteúdo das suas publicações, é saber se será compensador publicar uma alarvidade, mesmo que tal lhes aumente as tiragens e se fale no assunto durante uma semana (no máximo), em detrimento da perda de algo que muito dificilmente será recuperável: a sua credibilidade e fidelidade dos leitores (ofendidos ou que simplesmente não façam da “palhaçada” um modo de leitura informativa). A não ser que também haja por aí algum(a) terapeuta ou psicólogo/a especialista neste tipo de recuperações e eu desconheça.
quinta-feira, novembro 08, 2007
Thin Red Line
(Voz do narrador: actor principal, Wagner Moura)
O Rio de Janeiro tem mais de 700 favelas. Quase todas dominadas por traficantes armados até aos dentes... No resto do mundo essas armas são usadas para fazer guerra. No Rio são as armas do crime... É burrice pensar que os policiais numa cidade assim vão subir a favela só para fazer valer a lei. Policial também tem família, policial também tem medo de morrer. É por isso que nessa cidade todo o policial tem que escolher: ou se corrompe ou se omite ou vai para a guerra!
A maioria das pessoas não gosta de guerra e o Major Oliveira não é excepção. Toda sexta feira ele sobe o morro para ir buscar o “arrego” – a gana que os policiais corruptos cobram para aliviar o tráfico de drogas. Os traficantes também vivem em guerra, mas também querem sobreviver. Para quê trocar tiro com a polícia se dá para negociar?... A verdade é que a paz no Rio dependente de um equilíbrio delicado entre a munição dos bandidos e a corrupção dos policiais. Honestidade não faz parte do jogo. Se o Rio dependesse exclusivamente da polícia convencional os traficantes já tinham tomado a cidade faz tempo. É por isso que existe o BOPE: tropa de elite da polícia militar. Na teoria, o BOPE faz parte da polícia militar, na prática é uma polícia completamente diferente... O símbolo do BOPE deixa claro o que acontece quando a gente entra na favela. E a nossa farda não é azul, é PRETA!
“Tropa de Elite” (José Padilha, 2007) é um dos filmes mais extraordinariamente realistas e crus que já vi até hoje. As comparações passam a ser óbvias: ao lado deste, o (magnífico) “Cidade de Deus” é o “Prison Break” e o “nosso” recém-estreado “Corrupção” é o pequeno “Ruca”!
Não sei se está agendada a sua estreia por cá. De qualquer forma, para os interessados, ele pode ser “sacado” neste blogue. Valeu!
O Rio de Janeiro tem mais de 700 favelas. Quase todas dominadas por traficantes armados até aos dentes... No resto do mundo essas armas são usadas para fazer guerra. No Rio são as armas do crime... É burrice pensar que os policiais numa cidade assim vão subir a favela só para fazer valer a lei. Policial também tem família, policial também tem medo de morrer. É por isso que nessa cidade todo o policial tem que escolher: ou se corrompe ou se omite ou vai para a guerra!
A maioria das pessoas não gosta de guerra e o Major Oliveira não é excepção. Toda sexta feira ele sobe o morro para ir buscar o “arrego” – a gana que os policiais corruptos cobram para aliviar o tráfico de drogas. Os traficantes também vivem em guerra, mas também querem sobreviver. Para quê trocar tiro com a polícia se dá para negociar?... A verdade é que a paz no Rio dependente de um equilíbrio delicado entre a munição dos bandidos e a corrupção dos policiais. Honestidade não faz parte do jogo. Se o Rio dependesse exclusivamente da polícia convencional os traficantes já tinham tomado a cidade faz tempo. É por isso que existe o BOPE: tropa de elite da polícia militar. Na teoria, o BOPE faz parte da polícia militar, na prática é uma polícia completamente diferente... O símbolo do BOPE deixa claro o que acontece quando a gente entra na favela. E a nossa farda não é azul, é PRETA!
“Tropa de Elite” (José Padilha, 2007) é um dos filmes mais extraordinariamente realistas e crus que já vi até hoje. As comparações passam a ser óbvias: ao lado deste, o (magnífico) “Cidade de Deus” é o “Prison Break” e o “nosso” recém-estreado “Corrupção” é o pequeno “Ruca”!
Não sei se está agendada a sua estreia por cá. De qualquer forma, para os interessados, ele pode ser “sacado” neste blogue. Valeu!
terça-feira, novembro 06, 2007
Encontros imediatos
Opto por ficar ali sozinho, quase isolado, distante dos amigos e do aglomerado de pessoas que “mexem-se” numa pista de dança bem concorrida. Estou num sítio privilegiado porque também me permite observar a fauna que circula em meu redor.
Não demora muito tempo até me deixar embalar pela melodia que sai das colunas que também se encontram à minha frente. Movo-me timidamente. A sistemática “batida” acaba por contagiar-me e mexo-me com mais energia. Estou a gostar do que oiço e fecho momentaneamente os olhos – como se isso me permitisse um contacto mais directo com a música que ouvia. Uns segundos depois, “desperto”, porque alguém passou, embateu contra mim e estava agora mesmo ali ao meu lado. Pedimos simultaneamente desculpa e tocamo-nos no ombro, como forma automática e suplementar de reforçar esse pedido. Estou ainda meio atordoado da colisão e da consequente súbita interrupção da minha sessão de “hipnose”. Mesmo assim mantenho-me a olhar, em direcção à minha retaguarda, para quem chocou comigo. Foi uma reacção mútua. Sorrimos.
Nos filmes, estas cenas também acontecem em fracções de segundos mas, reveladas em “slow motion”, o acontecimento parece ganhar outro tipo de impacto. De qualquer forma, não deixou de ser um curioso momento. Ficção à parte e voltando à minha realidade, gostava de acreditar que as pessoas não se chocam umas contra as outras por mero acaso. Poderia ser, nem que seja, só como uma prova (inconsciente ou não) de que estamos vivos. Ou então – a minha parte favorita desta teoria – porque somos todos campos magnéticos sem poder de controlo sobre os pólos de atracção.
Não demora muito tempo até me deixar embalar pela melodia que sai das colunas que também se encontram à minha frente. Movo-me timidamente. A sistemática “batida” acaba por contagiar-me e mexo-me com mais energia. Estou a gostar do que oiço e fecho momentaneamente os olhos – como se isso me permitisse um contacto mais directo com a música que ouvia. Uns segundos depois, “desperto”, porque alguém passou, embateu contra mim e estava agora mesmo ali ao meu lado. Pedimos simultaneamente desculpa e tocamo-nos no ombro, como forma automática e suplementar de reforçar esse pedido. Estou ainda meio atordoado da colisão e da consequente súbita interrupção da minha sessão de “hipnose”. Mesmo assim mantenho-me a olhar, em direcção à minha retaguarda, para quem chocou comigo. Foi uma reacção mútua. Sorrimos.
Nos filmes, estas cenas também acontecem em fracções de segundos mas, reveladas em “slow motion”, o acontecimento parece ganhar outro tipo de impacto. De qualquer forma, não deixou de ser um curioso momento. Ficção à parte e voltando à minha realidade, gostava de acreditar que as pessoas não se chocam umas contra as outras por mero acaso. Poderia ser, nem que seja, só como uma prova (inconsciente ou não) de que estamos vivos. Ou então – a minha parte favorita desta teoria – porque somos todos campos magnéticos sem poder de controlo sobre os pólos de atracção.
segunda-feira, novembro 05, 2007
Untrue
sexta-feira, novembro 02, 2007
2º momento cinematográfico do dia: a capa tem sempre razão
Um colega de trabalho prometeu-me fazer uma cópia, da cópia,..., da cópia do DVD do filme “A Dália Negra” (de Brian de Palma) que ele entretanto tinha arranjado do amigo, do amigo,..., do amigo.
Hoje, quando cheguei, já tinha em cima da minha secretária o “abençoado” DVD. Com “capinha” e tudo. Belíssima, apesar de ser a versão em Inglês. Abro-o e deparo-me com o que estava escrito à mão no DVD-R: The Black Dahlia from the Director of Scarface.
Agradeço-lhe de imediato, mas chamo a atenção para o facto do título do filme se restringir somente às três primeiras palavras que escreveu. Ele rejeita veemente a minha observação: “Nada disso, rapaz. É assim que está na capa.”
Hoje, quando cheguei, já tinha em cima da minha secretária o “abençoado” DVD. Com “capinha” e tudo. Belíssima, apesar de ser a versão em Inglês. Abro-o e deparo-me com o que estava escrito à mão no DVD-R: The Black Dahlia from the Director of Scarface.
Agradeço-lhe de imediato, mas chamo a atenção para o facto do título do filme se restringir somente às três primeiras palavras que escreveu. Ele rejeita veemente a minha observação: “Nada disso, rapaz. É assim que está na capa.”
1º momento cinematográfico do dia: procura-se realizador só para assinar a papelada*
Um filme, sobre o modo como uma inocente conselheira matrimonial se deixa seduzir pelo lado mais obscuro do futebol (colocar reticências em tudo o que foi dito até aqui, por favor), com mamas (de silicone) ao léu e sexo (simulado mas muito) desenfreado precisa de um realizador exactamente para quê? Já agora queriam produtores profissionais e um argumento original, não?
Não deixa de ser curioso que o único filme nacional onde se revela a corrupção do mundo à volta do futebol não seja assinado. Pode ser curioso mas já não surpreende ninguém: neste país muito se denuncia mas pouco se assume ou se dá a cara por essas denúncias.
Não deixa de ser curioso que o único filme nacional onde se revela a corrupção do mundo à volta do futebol não seja assinado. Pode ser curioso mas já não surpreende ninguém: neste país muito se denuncia mas pouco se assume ou se dá a cara por essas denúncias.
*pôr uma corda ao pescoço
terça-feira, outubro 30, 2007
Diz que é uma espécie de “apartheid”, mas em “bom”
Há um recém-inaugurado Centro Comercial em S. João da Madeira que possui um parque de estacionamento muito peculiar. Para além dos habituais lugares reservados a pessoas com mobilidade condicionada, vulgo deficientes (motores, apesar de alguns “mentais” por vezes ocuparem-lhes esses espaços), a grávidas, para pessoas com crianças de colo, idosos, este C.C. nortenho reservou lugares para senhoras e para viaturas que tragam mais de duas pessoas! Tudo isso pode ser comprovado por esse placard que mostro no topo deste post ou in loco, nos próprios parques subterrâneos do C. C. 8ª Avenida em S. João da Madeira, com todas as corezinhas específicas a demarcar o piso dos respectivos lugares com reserva. Diz, quem já viu, que o piso dos parques parecem um autêntico arco íris.
O responsável deste espaço, José Duarte Glória, justifica a existência destes lugares especiais com questões de gentileza (um lugar de parqueamento feminino corresponde a um lugar e meio dos ditos normais) e de segurança (os lugares reservados são os que se encontram mais perto dos acessos à área comercial, evitando assim “longas” e “arriscadas” deslocações no parque). Ponderando um pouco sobre o caso, fico com sérias dúvidas perante a razoabilidade deste tipo de discriminação. Positiva, mas não deixa de ser discriminação. Esclareça-se que, nem eu, nem ninguém, por mais ou menos competente que seja a fazer manobras de estacionamento, recusaria a opção de poder estacionar o carro num espaço de 3 por 5 metros (mesmo que esteja pintado de cor-de-rosa-choque!), o problema aqui reside no facto de tal estar condicionado à utilização por pessoas com as mesmas capacidades que eu e todos os outros restantes condutores - que não possuem vagina – em que única particularidade diferencial é efectivamente possuírem uma vagina! A não ser que o senhor José Glória seja detentor de uma teoria que explique o contrário.
Assim sendo, fica demonstrado como um gesto aparentemente “gentil e simpático” pode também ser um atestado de “nabice” passado a todas as mulheres em geral, ou às clientes desta superfície comercial em especial, e uma carga de trabalhos para uns tantos outros clientes que vão ter para conseguir convencer alguém entrar no seu carro só para poder estacionar num lugar cativo e verdinho destinado a viaturas com um número mínimo exigível de passageiros.
Quem teve estas “brilhantes” ideias, para compensar o público masculino, mandou colocar uns manequins em poses “sensuais” do outro lado do vidro dos urinóis no WC público. E, certamente, não deixou de ponderar nas várias formas de controlar as regras de parqueamento, por tal, não deve faltar por lá uma brigada de inspectores incumbidos da tarefa de supervisionar o sexo e o número de passageiros que cada veículo trás.
Questionei uma amiga sobre o que achava do assunto e ela aprontou-se em resumir, numa frase, tudo o que eu estive para aqui a tentar explicar em tantas: “Isto parece o apartheid mas numa versão parola, tipicamente portuguesa”.
O responsável deste espaço, José Duarte Glória, justifica a existência destes lugares especiais com questões de gentileza (um lugar de parqueamento feminino corresponde a um lugar e meio dos ditos normais) e de segurança (os lugares reservados são os que se encontram mais perto dos acessos à área comercial, evitando assim “longas” e “arriscadas” deslocações no parque). Ponderando um pouco sobre o caso, fico com sérias dúvidas perante a razoabilidade deste tipo de discriminação. Positiva, mas não deixa de ser discriminação. Esclareça-se que, nem eu, nem ninguém, por mais ou menos competente que seja a fazer manobras de estacionamento, recusaria a opção de poder estacionar o carro num espaço de 3 por 5 metros (mesmo que esteja pintado de cor-de-rosa-choque!), o problema aqui reside no facto de tal estar condicionado à utilização por pessoas com as mesmas capacidades que eu e todos os outros restantes condutores - que não possuem vagina – em que única particularidade diferencial é efectivamente possuírem uma vagina! A não ser que o senhor José Glória seja detentor de uma teoria que explique o contrário.
Assim sendo, fica demonstrado como um gesto aparentemente “gentil e simpático” pode também ser um atestado de “nabice” passado a todas as mulheres em geral, ou às clientes desta superfície comercial em especial, e uma carga de trabalhos para uns tantos outros clientes que vão ter para conseguir convencer alguém entrar no seu carro só para poder estacionar num lugar cativo e verdinho destinado a viaturas com um número mínimo exigível de passageiros.
Quem teve estas “brilhantes” ideias, para compensar o público masculino, mandou colocar uns manequins em poses “sensuais” do outro lado do vidro dos urinóis no WC público. E, certamente, não deixou de ponderar nas várias formas de controlar as regras de parqueamento, por tal, não deve faltar por lá uma brigada de inspectores incumbidos da tarefa de supervisionar o sexo e o número de passageiros que cada veículo trás.
Questionei uma amiga sobre o que achava do assunto e ela aprontou-se em resumir, numa frase, tudo o que eu estive para aqui a tentar explicar em tantas: “Isto parece o apartheid mas numa versão parola, tipicamente portuguesa”.
segunda-feira, outubro 29, 2007
O Tiago Dores nasceu para apresentar "Tesourinhos"
Para além deste e de outros bons momentos, os “gatos” fizeram a proeza de pôr o Vítor Espadinha a cantar pela segunda vez, na sua já longa carreira, uma música com uma letra gay. Desta vez, ele sabia ao que ia e até o seu nome misturado com o do César das Neves estavam lá humoristicamente, e muito bem diga-se, escarrapachados na letra. Da outra, tonto como aparenta ser, é bem provável que nem se tenha dado conta.
sexta-feira, outubro 26, 2007
A minha versão do "fazes-me falta"
Tenho amigos que passam a vida a mudar de país para país e mesmo assim nunca me parecem satisfeitos com a vida que têm. Estas legítimas migrações visam sobretudo alcançar melhores condições de vida, mas nem sempre as expectativas criadas em relação à sua nova morada corresponde ao que efectivamente esperavam. São desilusões atrás de desilusões, sem parar um pouco para pensar nas várias hipóteses e potencialidades que aquele local lhes poderá oferecer.
São opções e eu respeito-as. Mas sabem o que é mais me chateia no meio disto tudo? É que mesmo compreendendo as razões pela qual saíram de Portugal e desejando-lhes a maior das felicidades, não consigo deixar de pensar na falta que eles me fazem e que tal não me pareça recíproco. Ou sou eu que sou um pouco egoísta por achar que a nosso tipo relacionamento só é possível de se manter com uma presença física ou são eles que tem um conceito demasiado descartável de amizade.
Não, eu não sei se lhes faço falta! Acredito que sim, mas efectivamente não o sei. O que sei é o que me foi dito e ouvi. Ouvi-lhes as preocupações e lamentações no que diz respeito às condições que iriam encontrar por lá, ou se as "coisas" no supermercado seriam mais caras, ou se lhes podia tratar do IRS na sua ausência, ou se os filmes por lá eram dobrados ou tinham traduções e por aí a fora... Portanto pareceu-me que o valor da nossa amizade nunca chegou a ser um factor importante a ter em consideração quando um dia decidiram dar de “frosques”.
É verdade que as relações sólidas e autênticas podem continuar no tempo, mesmo quando a frequência com que vemos as pessoas não é assim tão grande. Não duvido dessa premissa, mas parece-me igualmente verdade que tendemos a apegar-nos mais às pessoas com quem passamos mais tempo, com quem partilhamos trivialidades, pequenos acontecimentos sem grande relevância, diluídos ao longo de um dia, mas que vão constituindo uma intimidade real.
A inevitabilidade de uma distância física se tornar em distância emocional também me parece um facto bem realista. Realisticamente duro de admitir.
São opções e eu respeito-as. Mas sabem o que é mais me chateia no meio disto tudo? É que mesmo compreendendo as razões pela qual saíram de Portugal e desejando-lhes a maior das felicidades, não consigo deixar de pensar na falta que eles me fazem e que tal não me pareça recíproco. Ou sou eu que sou um pouco egoísta por achar que a nosso tipo relacionamento só é possível de se manter com uma presença física ou são eles que tem um conceito demasiado descartável de amizade.
Não, eu não sei se lhes faço falta! Acredito que sim, mas efectivamente não o sei. O que sei é o que me foi dito e ouvi. Ouvi-lhes as preocupações e lamentações no que diz respeito às condições que iriam encontrar por lá, ou se as "coisas" no supermercado seriam mais caras, ou se lhes podia tratar do IRS na sua ausência, ou se os filmes por lá eram dobrados ou tinham traduções e por aí a fora... Portanto pareceu-me que o valor da nossa amizade nunca chegou a ser um factor importante a ter em consideração quando um dia decidiram dar de “frosques”.
É verdade que as relações sólidas e autênticas podem continuar no tempo, mesmo quando a frequência com que vemos as pessoas não é assim tão grande. Não duvido dessa premissa, mas parece-me igualmente verdade que tendemos a apegar-nos mais às pessoas com quem passamos mais tempo, com quem partilhamos trivialidades, pequenos acontecimentos sem grande relevância, diluídos ao longo de um dia, mas que vão constituindo uma intimidade real.
A inevitabilidade de uma distância física se tornar em distância emocional também me parece um facto bem realista. Realisticamente duro de admitir.
quarta-feira, outubro 24, 2007
Os animais, de novo
Um artista da Costa Rica, Guillermo Habacuc Vargas, expôs um cão vadio faminto numa galeria de arte. O cão estava preso por uma corda curta como podem comprovar por algumas fotos publicadas aqui. Ninguém o alimentou ou deu água e ele acabou por morrer durante a exposição.
Depois disto, houve quem achasse uma grande ideia nomear este “artista” para representar o seu país na "Bienal Centro-americana Honduras 2008". Mas também houve quem não gostasse dessa ideia, não tenha ficado de braços cruzados (como grande parte da assistência daquela galeria) e tivesse a “audácia” de denunciar e criticar esta irreverente “expressão artística”, criando uma petição nesse sentido. Os primeiros chamaram hipócritas e burros aos segundos, porque não entenderam que o pobre do animal era vadio e representava a indiferença da sociedade geral face ao sofrimento e à humilhação dos outros. Os “revoltados”, provavelmente ainda contagiados por qualquer epidemia de bom senso, mantêm-se firmes nas suas posições e continuam a achar que nenhum ser humano tem o direito a submeter um animal a tais atrocidades. Incluindo os artistas, pois então.
Estou indeciso. Já assinei a petição mas se o senhor Guilhermo Abreocua-Vergas, ou lá como se chama, se comprometer a ir à tal Bienal e submeter-se ao mesmo tratamento que deu ao cachorro, não só cancelo a minha assinatura, como faço questão em visitar as Honduras no próximo ano. Irei á sua exposição, olhar para o “artista” em seu pleno momento de apoteose ou, diria antes, de desespero e exclamar bem alto, com o meu melhor ar de pseudo-arrogantó-intelectualóide: “Obra-Prima”!
terça-feira, outubro 23, 2007
O último tabu
Da tragédia do Darfour, ao diário emocionante de um seropositivo. Das vidas das meninas de rua de Cairo, às condições dos prisioneiros palestinianos nas prisões israelitas. Todos estes e mais alguns são temas interessantes que me poderiam levar a Lisboa a ver um documentário. No entanto, o único filme que ainda vi (e se a minha disponibilidade nos próximos dias não melhorar, diria antes, que irei ver) da edição deste ano do DocLisboa, chama-se “Zoo”. Por ser dos poucos documentários de exibição única, fiquei a pensar que tal deve-se ao facto de abordar um assunto pouco popular. Garantidamente será, pelo menos, muito incómodo.
Em Julho de 2005 é, anonimamente, deixado às portas do Hospital de Enumclaw, uma pequena cidade do estado de Washington nos Estados Unidos, um homem, com pouco mais de 40 anos, inanimado. Pouco tempo depois veio-se descobrir o seu nome (Kenneth Pinyan) e de que, para além de ser um chefe de família de Seattle (!), era um respeitado engenheiro da Boeing. Depois de uma intervenção cirúrgica, soube-se também que não conseguiu escapar com vida das intensas hemorragias internas provocadas pelo rompimento do cólon. A polícia foi chamada a intervir no caso e esta conseguiu descobrir com alguma facilidade não só a causa da morte, como também onde tudo aconteceu: uma quinta localizada nos arredores daquela cidade. Neste local foram apreendidas várias cassetes de vídeo que continham imagens de, entre outras pessoas, Pinyan a praticar sexo com cavalos. Foi não só o grande choque generalizado de uma pacata cidade mas de todo um país puritano e conservador, onde este tipo de episódios perversos já começa a fazer parte do quotidiano.
“Zoo” aborda esta história em várias perspectivas. Na perspectiva da investigação, dos “colegas” de Kenneth Pinyan que não se mostram mas que contribuem para a narração de algumas partes deste documentário e da própria instituição que recolheu os cavalos após a desmantelamento do grupo que Pinyan fazia parte. O “caso”, para além de todo o mediatismo que provocou, do choque e consequentes piadas que se fizeram – um dos instintos naturais do ser humano é encarar humoristicamente todos os assuntos que não compreende ou que lhe são desconfortáveis - nunca foi abordado de uma forma séria como o é neste filme/documentário. Aliás, não consigo dar outro exemplo de um filme onde a zoofilia seja focada tão seriamente. Séria e humanamente. Porque é isso que nos choca: um dos perpetuadores deste bizarro acto ser humano.
Em “Zoo” não há imagens chocantes (antes pelo o contrário, veja-se aquelas magníficas paisagens naturais de Enumclaw), há ideias chocantes! A Zoofilia é desmascarada como um dos últimos tabus do lado mais perverso da sexualidade humana. Ao fazer este documentário, o seu realizador não pede para a aceitar, mas de certa forma tenta pedir a nossa compeensão. Não é por acaso que “Zoo” tem o curioso subtítulo: “In the Forest There is a Every Kind of Bird” (“Na floresta há todo o tipo de aves”).
Não é mentira que a moralidade é um conceito muito subjectivo e que actos destes devem ser bem analisados, mas na minha opinião não se pode deixar de os condenar. Não nos devemos esquecer sobretudo que também há por aí “outro” animal no “jogo”. Mas a mais importante lição desta história deve ser retirada pela sua perversidade: há seres humanos (aparentemente) comuns que só conseguem retirar prazer das formas mais incomuns e bizarras possíveis (e até diria, impossíveis). E neste momento a internet é o meio essencial para que estas pessoas consigam se juntar - a identificação social é fundamental para qualquer fenómeno transgressor crescer - trocar ideias e formas de concretizar os seus actos. Aliás, como acontece, há muito mais tempo, com a pedofilia.
Em Julho de 2005 é, anonimamente, deixado às portas do Hospital de Enumclaw, uma pequena cidade do estado de Washington nos Estados Unidos, um homem, com pouco mais de 40 anos, inanimado. Pouco tempo depois veio-se descobrir o seu nome (Kenneth Pinyan) e de que, para além de ser um chefe de família de Seattle (!), era um respeitado engenheiro da Boeing. Depois de uma intervenção cirúrgica, soube-se também que não conseguiu escapar com vida das intensas hemorragias internas provocadas pelo rompimento do cólon. A polícia foi chamada a intervir no caso e esta conseguiu descobrir com alguma facilidade não só a causa da morte, como também onde tudo aconteceu: uma quinta localizada nos arredores daquela cidade. Neste local foram apreendidas várias cassetes de vídeo que continham imagens de, entre outras pessoas, Pinyan a praticar sexo com cavalos. Foi não só o grande choque generalizado de uma pacata cidade mas de todo um país puritano e conservador, onde este tipo de episódios perversos já começa a fazer parte do quotidiano.
“Zoo” aborda esta história em várias perspectivas. Na perspectiva da investigação, dos “colegas” de Kenneth Pinyan que não se mostram mas que contribuem para a narração de algumas partes deste documentário e da própria instituição que recolheu os cavalos após a desmantelamento do grupo que Pinyan fazia parte. O “caso”, para além de todo o mediatismo que provocou, do choque e consequentes piadas que se fizeram – um dos instintos naturais do ser humano é encarar humoristicamente todos os assuntos que não compreende ou que lhe são desconfortáveis - nunca foi abordado de uma forma séria como o é neste filme/documentário. Aliás, não consigo dar outro exemplo de um filme onde a zoofilia seja focada tão seriamente. Séria e humanamente. Porque é isso que nos choca: um dos perpetuadores deste bizarro acto ser humano.
Em “Zoo” não há imagens chocantes (antes pelo o contrário, veja-se aquelas magníficas paisagens naturais de Enumclaw), há ideias chocantes! A Zoofilia é desmascarada como um dos últimos tabus do lado mais perverso da sexualidade humana. Ao fazer este documentário, o seu realizador não pede para a aceitar, mas de certa forma tenta pedir a nossa compeensão. Não é por acaso que “Zoo” tem o curioso subtítulo: “In the Forest There is a Every Kind of Bird” (“Na floresta há todo o tipo de aves”).
Não é mentira que a moralidade é um conceito muito subjectivo e que actos destes devem ser bem analisados, mas na minha opinião não se pode deixar de os condenar. Não nos devemos esquecer sobretudo que também há por aí “outro” animal no “jogo”. Mas a mais importante lição desta história deve ser retirada pela sua perversidade: há seres humanos (aparentemente) comuns que só conseguem retirar prazer das formas mais incomuns e bizarras possíveis (e até diria, impossíveis). E neste momento a internet é o meio essencial para que estas pessoas consigam se juntar - a identificação social é fundamental para qualquer fenómeno transgressor crescer - trocar ideias e formas de concretizar os seus actos. Aliás, como acontece, há muito mais tempo, com a pedofilia.
segunda-feira, outubro 22, 2007
A SIC não tem piada
A SIC não olha a meios para subir as audiências, nem que para isso mande fechar uma das maiores avenidas da capital e transforme-a num desfile pirosó-carnavalesco sempre que se comemore o aniversário desta estação. Salvo algumas reportagens e documentários, alguma inovação nas temáticas das telenovelas (aqui o mérito não é da estação de Carnaxide mas da respectiva produtora brasileira), algumas (poucas) séries de ficção americanas e pouco mais, este canal tem contribuído infimamente para melhorar o panorama qualitativo do que podemos ver hoje em dia sempre que ligamos o televisor.
As audiências nunca foram sinónimo de qualidade, mas o mais irónico de toda esta situação é que a programação que Francisco Penim gere até nem tem tido grandes audiências, ou pelo menos, as audiências que tanto desejaria. No entanto esta obsessão compulsiva por conseguir que mais duas dúzias de televisões se concentrem neste canal já fez vítimas. Não me refiro a todos os seres pensantes que conseguem manter os olhos por mais de 10 segundos na série de ficção nacional que costuma passar depois da novela brasileira e que automaticamente ficam com vontade de estoirar os miolos. Ou os dos próprios, ou os de quem a concretizou como projecto televisivo. Falo de Herman José.
O Herman, gostando-se ou não do que tem feito nos últimos tempos, nunca deixou de ser a única referência humorística válida da SIC. Ao contrário do que Penim pensará, o humor em televisão está a milhas de distância de ser a enésima variação de converter todas as anedotas já ouvidas na década passada, numa série de sketches atabalhoados. Bom, tudo isto para denunciar o que se pode ver, ou melhor, não ver, presentemente nos domingos à noite naquele canal: o “Hora H” passou de um horário indecente para um horário vergonhoso, e agora para o seu completo desaparecimento (consta que passará para um horário inédito mas já pouco surpreendente: a “madrugada” de sábado!). Para Herman (e a sua equipa), certamente, pior que esta, salvo a repetição, vergonhosa mudança de horários e de ter sido envolvido involuntariamente numa guerra de audiências que só por um milagre – ou alguma concebível forma de manter as pessoas acordadas e com vontade de rir fora de horas – sairia vitorioso, será a desrespeitosa forma como tudo foi feito. Um desrespeito por uma carreira profissional irrepreensível ao serviço da boa disposição e do melhor humor que a televisão já nos proporcionou. E para desculpabilizar esta falta de respeito, não há audiências ou qualquer outra razão mais ou menos rentável que a justifique.
As audiências nunca foram sinónimo de qualidade, mas o mais irónico de toda esta situação é que a programação que Francisco Penim gere até nem tem tido grandes audiências, ou pelo menos, as audiências que tanto desejaria. No entanto esta obsessão compulsiva por conseguir que mais duas dúzias de televisões se concentrem neste canal já fez vítimas. Não me refiro a todos os seres pensantes que conseguem manter os olhos por mais de 10 segundos na série de ficção nacional que costuma passar depois da novela brasileira e que automaticamente ficam com vontade de estoirar os miolos. Ou os dos próprios, ou os de quem a concretizou como projecto televisivo. Falo de Herman José.
O Herman, gostando-se ou não do que tem feito nos últimos tempos, nunca deixou de ser a única referência humorística válida da SIC. Ao contrário do que Penim pensará, o humor em televisão está a milhas de distância de ser a enésima variação de converter todas as anedotas já ouvidas na década passada, numa série de sketches atabalhoados. Bom, tudo isto para denunciar o que se pode ver, ou melhor, não ver, presentemente nos domingos à noite naquele canal: o “Hora H” passou de um horário indecente para um horário vergonhoso, e agora para o seu completo desaparecimento (consta que passará para um horário inédito mas já pouco surpreendente: a “madrugada” de sábado!). Para Herman (e a sua equipa), certamente, pior que esta, salvo a repetição, vergonhosa mudança de horários e de ter sido envolvido involuntariamente numa guerra de audiências que só por um milagre – ou alguma concebível forma de manter as pessoas acordadas e com vontade de rir fora de horas – sairia vitorioso, será a desrespeitosa forma como tudo foi feito. Um desrespeito por uma carreira profissional irrepreensível ao serviço da boa disposição e do melhor humor que a televisão já nos proporcionou. E para desculpabilizar esta falta de respeito, não há audiências ou qualquer outra razão mais ou menos rentável que a justifique.
sexta-feira, outubro 19, 2007
Más influências
Esta semana li um editorial no jornal Metro que achei, no mínimo, hilariante. Ao mesmo tempo que transcrevia para aqui algumas das palavras que o senhor Rui Pedro Batista escreveu naquela coluna, não consegui resistir em deixar alguns comentários.
O jantar estava a correr tão bem! Éramos oito. Quatro casais. Quatro eles e quatro elas. – É bom que se esclareça, não vá alguém ter dúvidas quanto ao tipo de amigos que frequentam a casa de um colaborador do jornal Metro. Devia ter facultado também a raça, fracção partidária e profissão de cada um deles - E a conversa tornava-se mais agradável à medida que as garrafas se esvaziavam. Tudo mudou quando chegou à altura de fazer o brinde. – O vinho azedou? A Mariazinha partiu o salto do sapato? O Bernardo recebeu uma chamada de uma amiga especial? - “À nossa, que fiquemos todos juntos durante mais uns anos”, atirei. Mas o João e a Carla não se reviram no meu pedido de renovação de votos e acabaram por revelar que estão a separar-se. – Ahhh! - (...) Ficamos embasbacados. O João e a Carla vão a caminho dos quarenta. - E? (...)
Iada iada iada conheceram-se no tempo do liceu, eram os dois muito pobrezinhos mas eram muito batalhadores e ... – O amor saltava-lhes dos olhos. Apesar das dificuldades em compatibilizar agendas, conseguiram arranjar tempo para encomendar o primeiro filho. – A mulher comum planeia (ou não), engravida e dá à luz um filho. A mulher deste estrato social, compatibilizando com a sua agenda supê-preenchida, encomenda-o! “Ohfaxavore, era um loirinho de olhos azuis para as sete da tarde do primeiro dia de primavera.”
O João foi subindo a pulso. Há três meses passou a ostentar no cartão de visita o título de director-geral. De uma empresa grande e cheia de lucros. Daquelas em que todos gostavam de trabalhar. – Mas que só alguns têm possibilidades de entrar e, regra geral, por pouco mérito próprio, se me é permitido o acrescento - A Carla lançou um negócio de acessórios de moda. E já estava a abrir a segunda loja. Mudaram de casa, trocaram de carros. Quer dizer, trocaram os carros por verdadeiros carrões. E agora... assim. Não se entende. – Não entende exactamente o quê? Que é perfeitamente possível ter sucesso profissional sem viver maritalmente com alguém? - (...) Enquanto lá por casa se adormeciam as crianças, fiquei ali no canto da mesa agarrado ao vício da nicotina, a pensar na vida. O João e a Carla, (...) – Já pensava menos na vida dos outros, largava o vício e contribuía qualquer coisinha para as tarefas domésticas, não?
Construíram uma vida assente em dificuldades, em partilha e entrega quando tudo parecia remar contra o seu barco. Um dia a maré mudou. E a sensação que lhes percorre o corpo é que conseguiram subir um prédio. – Uh?! Pior copy/paste de sempre? (...) Mais uma cigarrilha. Acabo em definitivo o whisky. – Ah bom.
Pode ser uma fuga, pode ser uma falta imensa de energias renovadas. Pode ser simplesmente incapacidade em reinventar o que parece definitivamente morto. – Pode ser pura estupidez tentar descortinar as razões da separação de um casal.
Duas pessoas, dez anos a trabalhar, a lutar para ter uma vida melhor, a fazer tudo para ter alguma capacidade financeira e material... – Depois dão nisto: mais felizes e ricos que nunca, mas separados. O melhor é riscá-los da lista do próximo jantar, não vão ser eles uma má influência para os restantes casais do grupo de amigos. Da-se!
O jantar estava a correr tão bem! Éramos oito. Quatro casais. Quatro eles e quatro elas. – É bom que se esclareça, não vá alguém ter dúvidas quanto ao tipo de amigos que frequentam a casa de um colaborador do jornal Metro. Devia ter facultado também a raça, fracção partidária e profissão de cada um deles - E a conversa tornava-se mais agradável à medida que as garrafas se esvaziavam. Tudo mudou quando chegou à altura de fazer o brinde. – O vinho azedou? A Mariazinha partiu o salto do sapato? O Bernardo recebeu uma chamada de uma amiga especial? - “À nossa, que fiquemos todos juntos durante mais uns anos”, atirei. Mas o João e a Carla não se reviram no meu pedido de renovação de votos e acabaram por revelar que estão a separar-se. – Ahhh! - (...) Ficamos embasbacados. O João e a Carla vão a caminho dos quarenta. - E? (...)
Iada iada iada conheceram-se no tempo do liceu, eram os dois muito pobrezinhos mas eram muito batalhadores e ... – O amor saltava-lhes dos olhos. Apesar das dificuldades em compatibilizar agendas, conseguiram arranjar tempo para encomendar o primeiro filho. – A mulher comum planeia (ou não), engravida e dá à luz um filho. A mulher deste estrato social, compatibilizando com a sua agenda supê-preenchida, encomenda-o! “Ohfaxavore, era um loirinho de olhos azuis para as sete da tarde do primeiro dia de primavera.”
O João foi subindo a pulso. Há três meses passou a ostentar no cartão de visita o título de director-geral. De uma empresa grande e cheia de lucros. Daquelas em que todos gostavam de trabalhar. – Mas que só alguns têm possibilidades de entrar e, regra geral, por pouco mérito próprio, se me é permitido o acrescento - A Carla lançou um negócio de acessórios de moda. E já estava a abrir a segunda loja. Mudaram de casa, trocaram de carros. Quer dizer, trocaram os carros por verdadeiros carrões. E agora... assim. Não se entende. – Não entende exactamente o quê? Que é perfeitamente possível ter sucesso profissional sem viver maritalmente com alguém? - (...) Enquanto lá por casa se adormeciam as crianças, fiquei ali no canto da mesa agarrado ao vício da nicotina, a pensar na vida. O João e a Carla, (...) – Já pensava menos na vida dos outros, largava o vício e contribuía qualquer coisinha para as tarefas domésticas, não?
Construíram uma vida assente em dificuldades, em partilha e entrega quando tudo parecia remar contra o seu barco. Um dia a maré mudou. E a sensação que lhes percorre o corpo é que conseguiram subir um prédio. – Uh?! Pior copy/paste de sempre? (...) Mais uma cigarrilha. Acabo em definitivo o whisky. – Ah bom.
Pode ser uma fuga, pode ser uma falta imensa de energias renovadas. Pode ser simplesmente incapacidade em reinventar o que parece definitivamente morto. – Pode ser pura estupidez tentar descortinar as razões da separação de um casal.
Duas pessoas, dez anos a trabalhar, a lutar para ter uma vida melhor, a fazer tudo para ter alguma capacidade financeira e material... – Depois dão nisto: mais felizes e ricos que nunca, mas separados. O melhor é riscá-los da lista do próximo jantar, não vão ser eles uma má influência para os restantes casais do grupo de amigos. Da-se!
quarta-feira, outubro 17, 2007
Lamentável, meu caro Watson
O The Sunday Times sempre em busca de polémica e uma forma fácil de aumentar a sua tiragem, encontrou a sua solução maravilha para a edição do passado domingo numa entrevista a um nabo (prémio Nobel/senil) dos tempos em que a liberdade era um privilégio só de alguns. Dos "inteligentes", claro.
Isto também prova que a ciência pode até ser muito objectiva, mas que quem a pratica pode ser tão idiota quanto qualquer militante da Frente Nacional.
domingo, outubro 14, 2007
Baralhar e voltar a dar
Ser nacionalista não é crime, mas o tráfico de armas e drogas é, tal como o é ofender, espancar ou matar pessoas de outras raças, nacionalidades, etnias e orientações sexuais, ou profanar cemitérios judaicos. Não se baralhem senhores nacionalistas (ou diria antes, não queiram baralhar os outros?): em Portugal ninguém vai preso só porque se demonstra um amor desmesurado à pátria.
sexta-feira, outubro 12, 2007
Curb your enthusiasm (Calma, Larry) , Season 4, episódio 38
Jeff oferece a Larry alguns preservativos que possuem a característica especial de prolongar o prazer por muito mais tempo. “All night long”. Mas em contrapartida tais preservativos contêm uma substância anestesiante que quando usados impropriamente podem ter efeitos adversos. Dito e feito, Larry por pura distracção ou porque, como ele se defende, “estava escuro”, usa o preservativo ao avesso. Resultado, a sua esposa, Cheryl, começa a queixar-se logo após o acto de que ficou com a vagina adormecida.
Depois de saber que Cheryl não tinha melhorado, no dia seguinte, Larry decide desabafar com o seu jardineiro – não por acaso, já que ele é um índio, por sinal muito requisitado pelos seus conselhos curativos - com o curioso nome de Urso Deambulante, na esperança de que este lhe possa aconselhar qualquer remédio milagroso para o “pequeno” problema da mulher. O seu jardineiro medita uns segundos e receita-lhe uma erva qualquer... Et voilá! Cheryl aplica o tratamento e fica automaticamente boa.
Depois disto o Urso Deambulante cruza-se no jardim com ela e com a maior das inocências pergunta-lhe: “Então como está a sua vagina?”
Ela fica chocada mas ainda consegue arranjar forma de lhe responder baixinho e com poucas palavras: “A minha vagina... está melhor... obrigada.”
Não demorou muito tempo até Cheryl queixar-se do sucedido a Larry e este decidir interpelar o seu jardineiro:
- Hey Urso Deambulante, pode não ser uma grande ideia perguntar assim às mulheres dos outros como está a sua vagina... Bom eu não sei como é na cultura dos índios, mas por aqui não fica muito bem... Entende?
O outro responde-lhe de imediato com uma serenidade que lhe é característica:
- Se a sua esposa for a um médico branco, ele não só vai perguntar pela sua vagina como vai também querer vê-la e tocá-la!
Depois de saber que Cheryl não tinha melhorado, no dia seguinte, Larry decide desabafar com o seu jardineiro – não por acaso, já que ele é um índio, por sinal muito requisitado pelos seus conselhos curativos - com o curioso nome de Urso Deambulante, na esperança de que este lhe possa aconselhar qualquer remédio milagroso para o “pequeno” problema da mulher. O seu jardineiro medita uns segundos e receita-lhe uma erva qualquer... Et voilá! Cheryl aplica o tratamento e fica automaticamente boa.
Depois disto o Urso Deambulante cruza-se no jardim com ela e com a maior das inocências pergunta-lhe: “Então como está a sua vagina?”
Ela fica chocada mas ainda consegue arranjar forma de lhe responder baixinho e com poucas palavras: “A minha vagina... está melhor... obrigada.”
Não demorou muito tempo até Cheryl queixar-se do sucedido a Larry e este decidir interpelar o seu jardineiro:
- Hey Urso Deambulante, pode não ser uma grande ideia perguntar assim às mulheres dos outros como está a sua vagina... Bom eu não sei como é na cultura dos índios, mas por aqui não fica muito bem... Entende?
O outro responde-lhe de imediato com uma serenidade que lhe é característica:
- Se a sua esposa for a um médico branco, ele não só vai perguntar pela sua vagina como vai também querer vê-la e tocá-la!
terça-feira, outubro 09, 2007
A competição
Ontem passei os olhos por uma notícia que muito me surpreendeu. A espionagem electrónica com o objectivo de denunciar infidelidades está a aumentar disparatadamente. Os advogados especialistas e os detectives privados são unânimes em dizer que tudo é válido para provar a traição do(a) parceiro(a) do(a) cliente. As provas electrónicas são cada vez mais utilizadas em processos de divórcio e que são os próprios cônjuges desconfiados que praticam a violação de correspondência electrónica, quer nos telemóveis quer nos computadores. Um detective dá o exemplo de um sistema de “artilhação” do telemóvel que fica sob vigilância integral num outro telemóvel, em tempo real, sem que o seu dono sequer desconfie.
Ora, indo directa e imediatamente ao cerne desta questão, falemos de sexo, ou melhor, das nossas ligações sexuais. No passado, definíamos a fidelidade como a promessa de nos ligarmos sexualmente a uma pessoa e mais nenhuma. Hoje em dia e no futuro, com a mudança de mentalidades, com o aparecimento de novos tipos de relacionamento, com casamentos mais liberais, em que as ligações sexuais podem ser efectivamente mais abertas e indefinidas, o que significará, no fim de contas, a infidelidade? A diferença significativa é que em vez de a fidelidade sexual ser a marca identificadora de uma relação, um dado adquirido como no passado, nas relações do futuro teremos que ter a liberdade de escolher o que queremos o que ela signifique. Ou seja, pode significar o que sempre significou: a opção de ter relações sexuais com um só parceiro; mas também pode significar a lealdade emocional mas tendo a coragem para assumir outras ligações sexuais com outros parceiros, e não só com a pessoa com quem se escolheu para viver. Os defensores acérrimos da monogamia sexual estarão neste momento a tentar arranjar argumentos para demonstrar que esta hipótese só nos tornaria sexualmente mais irresponsáveis. Eu pergunto: e já não o somos actualmente? Pelo que se lê nos jornais, dizem os advogados e detectives, o nosso vizinho do lado e a senhora da quiosque, a resposta é sim, só que, e este é o pormenor importantíssimo desta questão, não admitimos! Fala-se em irresponsabilidade e dá-me a parecer que ela esteja mais associada a relacionamentos tradicionais muito pouco transparentes, cheios de desconfianças, que enchem os bolsos dos advogados e detectives particulares e acabam em disputas e litígios num tribunal, do que a um relacionamento mais liberal, mas assumido e partilhado honestamente entre os seus dois elementos.
Com isto tudo não quero eu dizer que ache, por exemplo, o “swing” a “cena” mais excitante dos últimos tempos ou que não deixará de ser uma forma encapotada e hipócrita de não assumir as limitações de um modelo de casamento à beira de ruptura, mas digo, por outro lado, que é de louvar todos os relacionamentos onde ainda há sinceridade, respeito e confiança mútua, independentemente do tipo de ligação sexual que tenha sido acordada conscientemente entre o casal.
Se por um lado continuo a acreditar na monogamia, por outro não sou do tipo de pessoa que veja com muita facilidade a face de Jesus Cristo numa torrada. Sou só realista ao ponto de começar a entender melhor as necessidades básicas do ser humano e um crítico da forma camuflada como hoje em dia as colocam em prática.
Um casamento que supostamente deveria ser, entre outras coisas, a oficialização de um relacionamento amoroso, para além do jogo de aparências que já é, passa a ser também uma espécie de competição de fidelidade entre dois seres, que, supostamente e acima de tudo, deviam querer-se bem.
Ora, indo directa e imediatamente ao cerne desta questão, falemos de sexo, ou melhor, das nossas ligações sexuais. No passado, definíamos a fidelidade como a promessa de nos ligarmos sexualmente a uma pessoa e mais nenhuma. Hoje em dia e no futuro, com a mudança de mentalidades, com o aparecimento de novos tipos de relacionamento, com casamentos mais liberais, em que as ligações sexuais podem ser efectivamente mais abertas e indefinidas, o que significará, no fim de contas, a infidelidade? A diferença significativa é que em vez de a fidelidade sexual ser a marca identificadora de uma relação, um dado adquirido como no passado, nas relações do futuro teremos que ter a liberdade de escolher o que queremos o que ela signifique. Ou seja, pode significar o que sempre significou: a opção de ter relações sexuais com um só parceiro; mas também pode significar a lealdade emocional mas tendo a coragem para assumir outras ligações sexuais com outros parceiros, e não só com a pessoa com quem se escolheu para viver. Os defensores acérrimos da monogamia sexual estarão neste momento a tentar arranjar argumentos para demonstrar que esta hipótese só nos tornaria sexualmente mais irresponsáveis. Eu pergunto: e já não o somos actualmente? Pelo que se lê nos jornais, dizem os advogados e detectives, o nosso vizinho do lado e a senhora da quiosque, a resposta é sim, só que, e este é o pormenor importantíssimo desta questão, não admitimos! Fala-se em irresponsabilidade e dá-me a parecer que ela esteja mais associada a relacionamentos tradicionais muito pouco transparentes, cheios de desconfianças, que enchem os bolsos dos advogados e detectives particulares e acabam em disputas e litígios num tribunal, do que a um relacionamento mais liberal, mas assumido e partilhado honestamente entre os seus dois elementos.
Com isto tudo não quero eu dizer que ache, por exemplo, o “swing” a “cena” mais excitante dos últimos tempos ou que não deixará de ser uma forma encapotada e hipócrita de não assumir as limitações de um modelo de casamento à beira de ruptura, mas digo, por outro lado, que é de louvar todos os relacionamentos onde ainda há sinceridade, respeito e confiança mútua, independentemente do tipo de ligação sexual que tenha sido acordada conscientemente entre o casal.
Se por um lado continuo a acreditar na monogamia, por outro não sou do tipo de pessoa que veja com muita facilidade a face de Jesus Cristo numa torrada. Sou só realista ao ponto de começar a entender melhor as necessidades básicas do ser humano e um crítico da forma camuflada como hoje em dia as colocam em prática.
Um casamento que supostamente deveria ser, entre outras coisas, a oficialização de um relacionamento amoroso, para além do jogo de aparências que já é, passa a ser também uma espécie de competição de fidelidade entre dois seres, que, supostamente e acima de tudo, deviam querer-se bem.
segunda-feira, outubro 08, 2007
A Britney morreu
Uma destas noites sonhei com a Britney Spears. Ao contrário do que supostamente seria natural, não foi um sonho bonito. Sonhei com a notícia de que ela se tinha suicidado. O meu subconsciente assim ditou o fim de um dos maiores ícones pop do início do corrente século. No fundo, tal seria só o ponto final (e trágico) de uma vida de excessos ultra mediatizada. Com algumas ameaças pelo meio.
Casa com um fedelho da pior espécie, comete umas loucuras, tem dois filhos, engorda, divorcia-se, junta-se a “más companhias”, comete outras loucuras, rapa o cabelo, perde o direito de conduzir por fazê-lo alcoolizada e levar um dos filhos, consigo, no banco da frente, perde a custódia dos filhos, Entretanto a pressão para que ela edite qualquer coisa aumenta. Ela manda cá para fora o melhor que pode e depois de tudo o que já lhe ouvimos sair daquela boca, até mete dó vê-la a suplicar por mais (gimme more) agarrada a um varão. Como se não houvesse alternativas, como se aquilo fosse o seu último meio de sobrevivência. E às tantas é mesmo.
Casa com um fedelho da pior espécie, comete umas loucuras, tem dois filhos, engorda, divorcia-se, junta-se a “más companhias”, comete outras loucuras, rapa o cabelo, perde o direito de conduzir por fazê-lo alcoolizada e levar um dos filhos, consigo, no banco da frente, perde a custódia dos filhos, Entretanto a pressão para que ela edite qualquer coisa aumenta. Ela manda cá para fora o melhor que pode e depois de tudo o que já lhe ouvimos sair daquela boca, até mete dó vê-la a suplicar por mais (gimme more) agarrada a um varão. Como se não houvesse alternativas, como se aquilo fosse o seu último meio de sobrevivência. E às tantas é mesmo.
quinta-feira, outubro 04, 2007
“Querida, estou com o período!”
Duas das características que mais admiro nas pessoas que partilham em plenitude a sua vida com alguém é a sua total capacidade de entrega e continua disponibilidade. Eu não consigo porque tenho uma espécie de “períodos”. Sem menstruação! Só os sintomas, portanto.
Períodos curtos ou longos, podem ir de uma hora a mais de uma semana. São momentos em que fico completamente impaciente e pouco sensível a tudo o que me rodeia - incluindo de quem mais gosto - e que passo da melhor para a pior companhia possível. Tudo poderia ser uma questão de tolerância ou capacidade de sacrifício da outra parte se eu até não me importasse de de ser uma má companhia. Mas importa-me! Nessas circunstâncias prefiro estar longe. Tenho consciência de que ninguém, por todos os outros períodos que também tenha, merece suportar a minha casmurrice. Pode ser mau feitio ou pode ser só o lado negativo da rotina e do contacto consecutivo diário: por tornarmo-nos demasiado íntimos, considerarmo-nos mutuamente garantidos.
Por isso aprovo a salvaguarda do nosso próprio espaço, para recorrer em situações de emergência, como esta. Uma espécie de retiro total: espiritual e, sobretudo, físico.
Períodos curtos ou longos, podem ir de uma hora a mais de uma semana. São momentos em que fico completamente impaciente e pouco sensível a tudo o que me rodeia - incluindo de quem mais gosto - e que passo da melhor para a pior companhia possível. Tudo poderia ser uma questão de tolerância ou capacidade de sacrifício da outra parte se eu até não me importasse de de ser uma má companhia. Mas importa-me! Nessas circunstâncias prefiro estar longe. Tenho consciência de que ninguém, por todos os outros períodos que também tenha, merece suportar a minha casmurrice. Pode ser mau feitio ou pode ser só o lado negativo da rotina e do contacto consecutivo diário: por tornarmo-nos demasiado íntimos, considerarmo-nos mutuamente garantidos.
Por isso aprovo a salvaguarda do nosso próprio espaço, para recorrer em situações de emergência, como esta. Uma espécie de retiro total: espiritual e, sobretudo, físico.
quarta-feira, outubro 03, 2007
A sinceridade é uma faca de dois gumes
Pede-se sempre a verdade tendo consciência da vulnerabilidade da outra pessoa. Porque não sou só eu que corro riscos ao dizer a verdade; quem a escuta também é vulnerável. O que para mim é difícil de exprimir também pode ser, para alguém, ainda mais doloroso de ouvir.
terça-feira, outubro 02, 2007
Eu querooo uma raqueta caça-mosquitos da Dêmaili!
Estou extasiado: acabei de receber o catálogo Outono 2007 das lojas D-Mail! Quem não conhece, e antes de começar em pensar ir buscar a faca para fazer um corte latitudinal nos seus pulsos, deve primeiro questionar-se: mas o que são as “lojas D-Mail”? Pergunta errada, contraponho eu. Não interessa saber o que é, mas antes o que vendem. Vendem coisas. Coisas, tal como elas se autopromovem, com “ideias úteis e originais”! Seguem-se alguns exemplos:
“Cinturão porta-moedas” ou...
“Os humanos usam cinto de segurança no carro... e os cães não usam porquê?”
Uma “ovelhinha avisadora de chamadas” para telemóveis:
Sim, porque aqueles miseráveis dos filandeses ainda estão a muitos anos de inventar aparelhos que apitam!
É um rádio? É um auxiliar de audição? É um auricular?...
Viva o luxo: um “tapete persa para o rato do computador”,
quinta-feira, setembro 27, 2007
Os nossos paraísos já não são o que eram
Portugal tem muitos paraísos escondidos, mas habitualmente estes não se mantêm nessa condição por um longo período de tempo. Pelo menos até uma qualquer revista semanal os denunciar. Os directores destas revistas na ânsia de vender mais meia dúzia de exemplares e fazer o título de mais uma "edição especial de verão" ou simplesmente para encher mais um número e divulgar mais dois ou três belos lugares recônditos do nosso país que a revista concorrente não divulgou, acabam por se esquecer do verdadeiro significado daqueles locais. Portanto, é preciso que uma revista publique um artigo com a localização dos nossos paraísos para que estes deixem imediatamente de o ser ou não houvesse, no Domingo seguinte à sua publicação, uma peregrinação massiva com destino aos ditos cujos.
Uma das suas “vítimas” trata-se de uma praia que fica localizada às portas de Lisboa e não muito longe da balbúrdia da Costa da Caparica. Há quem lhe chame “Praia da Nato”, por ficar situada a escassos metros de umas instalações daquela organização internacional, mas no fundo ela acaba por ser só um prolongamento da praia mais próxima: Fonte da Telha. Não é a praia mais bonita do mundo, nem sequer ganha esse galardão na categoria nacional, mas possui características muito especiais. Os acessos - por onde se pode ficar deslumbrado com a vista sobre toda a zona costeira da Caparica até ao Cabo Espichel e com um pouco de boa vontade consegue-se ainda observar os contornos da serra de Sintra - são feitos através de uma mata (a dos “Medos”) e toda essa magnifica paisagem compensa os milhares de metros que se têm de percorrer até descer pela encosta até à referida praia. Já com os pés na areia confere-se que o meio envolvente não é menos esplendoroso: de um lado o azul infinito, do outro, o verde da vegetação que domina toda a ravina e em frente, um extenso areal a perder de vista. Tudo isto oferecido com um bónus: um sossego que só é interrompido pelos sons das gaivotas e das outras aves vindos dos dois lados opostos.
Não era uma praia muito frequentada, pelo menos até ser sido destacada pela Visão como um dos nossos “Éden” a descobrir. Pelo seu isolamento, também sempre foi uma praia onde se praticou nudismo e não deixou de o ser depois da publicação do tal artigo e com o consequente aumento de frequentadores. Pelo contrário, aumentou o número de “pirilaus, mamocas e rabiosques” à mostra, mas também aumentou, por acréscimo, a quantidade de “mirones”. Estes colocam-se segura e estrategicamente na zona da ravina a observar a “paisagem”. Na viagem que faço de regresso ao parque de estacionamento passo por alguns. A maioria são idosos, outros nem tanto, mas quase todos vêm munidos “discretamente” com uma pequena caixa ou um saco plástico que eu julgava, até há dias, conterem uns binóculos.
Falo com um amigo, muito mais conhecedor da zona e da respectiva fauna que eu, sobre o assunto e ele dispara com uma estranha pergunta: “Alguma vez confirmaste se são mesmo binóculos?”. De facto não lhe poderia assegurar que tipo de instrumento usavam porque vi-os a maior parte das vezes bem escondidos e sempre de costas. Desafiou-me para que numa próxima oportunidade conferisse melhor o que usavam para observar com mais nitidez o que lhes rodeava.
No passado fim-de-semana, coloquei esta “pequena investigação” em prática. Assim sendo, depois de mais um belo dia de praia, no caminho de regresso, passo pelos locais estratégicos de contemplação da zona e aproximo-me o máximo que consigo, tentando não ser notado nos primeiros momentos de aproximação. Deparo-me com um senhor muito compenetrado no que estava a fazer e reparo que na sua mão direita não tinha de facto uns binóculos. Tinha uma câmara de filmar. O sujeito nem deu pela minha presença o que me permitiu confirmar com alguma clareza, pelo pequeno ecrã da câmara, o que estava a filmar. E não era paisagem, pelo menos da que se costuma denominar por “natural”! Este fenómeno repete-se uns metros mais à frente: outro senhor, outra câmara de filmar, outras “paisagens”. Missão cumprida.
Durante a caminhada para o parque de estacionamento, de um momento para o outro, algo me veio a memória. No ano passado chegou à minha caixa de correio electrónico um e-mail com um vídeo nitidamente filmado por um amador, supostamente um voyeur, onde se conseguia ver durante vários minutos, com alguns cortes e solavancos pelo meio, o corpo desnudado de três “jeitosas” que, pelas informações que estavam em anexo no e-mail, estariam a fazer nudismo na praia do Meco. Na altura, lembro-me de ter pensado que conhecia aquela praia e que não me parecia a do Meco. Foi então que se fez luz: o Meco fica justamente na continuação daquela praia.
Conclusão: as revistas ao darem a conhecer os nossos magníficos paraísos nem imaginam a quantidade de outros “paraísos” que potencialmente possam vir a ser revelados. Com tanta gente a lucrar com isso – as próprias publicações, os voyeurs realizadores, os voyeurs em início de carreira, os fabricantes de câmaras de filmar, o gmail, etc. - quem sou eu para lhes estragar o negócio e o espectáculo, que é como quem diz, ser o “empata-fodas”, ou para ser mais preciso, o “empata-punhetas”?
Uma das suas “vítimas” trata-se de uma praia que fica localizada às portas de Lisboa e não muito longe da balbúrdia da Costa da Caparica. Há quem lhe chame “Praia da Nato”, por ficar situada a escassos metros de umas instalações daquela organização internacional, mas no fundo ela acaba por ser só um prolongamento da praia mais próxima: Fonte da Telha. Não é a praia mais bonita do mundo, nem sequer ganha esse galardão na categoria nacional, mas possui características muito especiais. Os acessos - por onde se pode ficar deslumbrado com a vista sobre toda a zona costeira da Caparica até ao Cabo Espichel e com um pouco de boa vontade consegue-se ainda observar os contornos da serra de Sintra - são feitos através de uma mata (a dos “Medos”) e toda essa magnifica paisagem compensa os milhares de metros que se têm de percorrer até descer pela encosta até à referida praia. Já com os pés na areia confere-se que o meio envolvente não é menos esplendoroso: de um lado o azul infinito, do outro, o verde da vegetação que domina toda a ravina e em frente, um extenso areal a perder de vista. Tudo isto oferecido com um bónus: um sossego que só é interrompido pelos sons das gaivotas e das outras aves vindos dos dois lados opostos.
Não era uma praia muito frequentada, pelo menos até ser sido destacada pela Visão como um dos nossos “Éden” a descobrir. Pelo seu isolamento, também sempre foi uma praia onde se praticou nudismo e não deixou de o ser depois da publicação do tal artigo e com o consequente aumento de frequentadores. Pelo contrário, aumentou o número de “pirilaus, mamocas e rabiosques” à mostra, mas também aumentou, por acréscimo, a quantidade de “mirones”. Estes colocam-se segura e estrategicamente na zona da ravina a observar a “paisagem”. Na viagem que faço de regresso ao parque de estacionamento passo por alguns. A maioria são idosos, outros nem tanto, mas quase todos vêm munidos “discretamente” com uma pequena caixa ou um saco plástico que eu julgava, até há dias, conterem uns binóculos.
Falo com um amigo, muito mais conhecedor da zona e da respectiva fauna que eu, sobre o assunto e ele dispara com uma estranha pergunta: “Alguma vez confirmaste se são mesmo binóculos?”. De facto não lhe poderia assegurar que tipo de instrumento usavam porque vi-os a maior parte das vezes bem escondidos e sempre de costas. Desafiou-me para que numa próxima oportunidade conferisse melhor o que usavam para observar com mais nitidez o que lhes rodeava.
No passado fim-de-semana, coloquei esta “pequena investigação” em prática. Assim sendo, depois de mais um belo dia de praia, no caminho de regresso, passo pelos locais estratégicos de contemplação da zona e aproximo-me o máximo que consigo, tentando não ser notado nos primeiros momentos de aproximação. Deparo-me com um senhor muito compenetrado no que estava a fazer e reparo que na sua mão direita não tinha de facto uns binóculos. Tinha uma câmara de filmar. O sujeito nem deu pela minha presença o que me permitiu confirmar com alguma clareza, pelo pequeno ecrã da câmara, o que estava a filmar. E não era paisagem, pelo menos da que se costuma denominar por “natural”! Este fenómeno repete-se uns metros mais à frente: outro senhor, outra câmara de filmar, outras “paisagens”. Missão cumprida.
Durante a caminhada para o parque de estacionamento, de um momento para o outro, algo me veio a memória. No ano passado chegou à minha caixa de correio electrónico um e-mail com um vídeo nitidamente filmado por um amador, supostamente um voyeur, onde se conseguia ver durante vários minutos, com alguns cortes e solavancos pelo meio, o corpo desnudado de três “jeitosas” que, pelas informações que estavam em anexo no e-mail, estariam a fazer nudismo na praia do Meco. Na altura, lembro-me de ter pensado que conhecia aquela praia e que não me parecia a do Meco. Foi então que se fez luz: o Meco fica justamente na continuação daquela praia.
Conclusão: as revistas ao darem a conhecer os nossos magníficos paraísos nem imaginam a quantidade de outros “paraísos” que potencialmente possam vir a ser revelados. Com tanta gente a lucrar com isso – as próprias publicações, os voyeurs realizadores, os voyeurs em início de carreira, os fabricantes de câmaras de filmar, o gmail, etc. - quem sou eu para lhes estragar o negócio e o espectáculo, que é como quem diz, ser o “empata-fodas”, ou para ser mais preciso, o “empata-punhetas”?
quarta-feira, setembro 26, 2007
Uma boa ideia para o Sr. Isaltino Morais:
se conhece as dificuldades nos acessos do seu concelho em geral e ao Estádio Nacional em especial, bem como os horários onde há um maior tráfego de regresso a casa, ponderar melhor antes de aprovar a realização de um mega-concerto num dia útil. Mesmo que tal dê uma maior notoriedade ao seu concelho. Mesmo que em causa esteja uma banda prestigiada como os The Police.
terça-feira, setembro 25, 2007
Se isto é amor...
Os pais de Rosa não querem que ela estude. Querem-na a pastar o gado na serra e a trabalhar na terra, como eles.
Poder-se-ia simplesmente dizer que às vezes a felicidade que nos desejam raramente coincide com a nossa própria felicidade, mas estamos perante uma situação em que, para além desta questão de felicidade subjectiva ser importantíssima, tornou-se urgente denunciar mais um caso de escravatura camuflada.
E o amor dos pais? Amor em que haja uma subjugação a este nível só conheço o partilhado entre dois amantes que realizam jogos de submissão mutuamente consentidos. Estes são ambos adultos (e supostamente conscientes) e sabem ao que vão. Os outros, são os pais que não vêm (nem querem ver) um futuro diferente do deles para a sua filha. Se isto é amor...
Poder-se-ia simplesmente dizer que às vezes a felicidade que nos desejam raramente coincide com a nossa própria felicidade, mas estamos perante uma situação em que, para além desta questão de felicidade subjectiva ser importantíssima, tornou-se urgente denunciar mais um caso de escravatura camuflada.
E o amor dos pais? Amor em que haja uma subjugação a este nível só conheço o partilhado entre dois amantes que realizam jogos de submissão mutuamente consentidos. Estes são ambos adultos (e supostamente conscientes) e sabem ao que vão. Os outros, são os pais que não vêm (nem querem ver) um futuro diferente do deles para a sua filha. Se isto é amor...
sexta-feira, setembro 21, 2007
Um jornal sobrenatural
Na secção "cartas dos leitores" da edição de hoje do GN lê-se:
Como leitor do jornal gratuito Global Notícias, gostaria de fazer uma referência ao estranho título que aparece na edição de quarta-feira, na página 8: “Mortos avaliam hospitais”. Será caso para dizer que afinal de contas sempre há vida para além da morte!
Paulo Reis
Nota da Redacção: Agradecemos a este leitor a sua chamada de atenção, pois significa que nos leu com atenção. Lamentavelmente, o título tem uma gralha: em vez de “mortos”, deveria estar escrito “mortes”. As nossas desculpas.
quarta-feira, setembro 19, 2007
Uno, dos, tres... problemazitos!
O meu primeiro carro foi um Fiat Uno. Um 60S, cizentinho escuro como os milhares que circulavam por aí nas nossas estradas no final dos anos 90. E este andava bem, mas aquecia ainda mais. Já não me lembro de quantas vezes tive que encostar à berma para o deixar arrefecer. Também “bebia” bem. Mais óleo que gasolina, o que seria até uma vantagem se o conservasse até aos dias de hoje! Era uma espécie de “kinder surpresa” em forma de carro e sem chocolate: sempre que saía de casa, ele surpreendia-me sempre com mais um problemazito para me entreter. Ou era um farol que saltava, ou um pisca ou um ou outro fusível que se fundiam, ou o tubo de escape que se soltava. Mas isso é banalíssimo, diriam vocês. No entanto, quando começou a fazer um barulho estridente sempre que carregava a fundo no travão, comecei a pensar que era dono de um carro muito pouco comum. No início até pensava que isso nem era assim tão mau na medida em que captava todas as atenções sempre que parava nos semáforos, mas eu queria mais... E o meu Uno, que nisso nunca me deixava ficar mal, deu-me mais... Mais problemas! Eléctricos para não variar. Depois do fecho centralizado – quem mandou a mim ter um chaço ferrugento com extras todos modernaços? – que, ao passar por qualquer imperfeição na estrada, trancava automaticamente as portas e fazia disparar simultaneamente o alarme, só faltava mesmo os vidros eléctricos! Estes avariavam-se constantemente e faziam questão de escolher os “belos” dias de chuva para pararem a meio do seu trajecto. Ah, recordo-me agora como era revigorante apanhar um segundo banho matinal! Numa das suas últimas visitas à oficina habitual, o senhor mecânico, já desesperado por não saber o que fazer com aquela avaria (in)constante, sugere-me que andasse com uma bisnaga de vaselina no carro. Eu, inocentemente, ainda questionei o que faria com tal produto, ao qual ele prontamente respondeu: “Olhe sempre que os vidros emperrarem besunte-os muito bem com isso e puxe-os devagarinho!”. Funcionou, mas poucos dias depois vendi o meu Uno e deixei o tubo da vaselina no porta-luvas, sem deixar qualquer explicação ao seu futuro proprietário. Fiquei com esperanças de que ele futuramente entendesse a sua utilidade e, tal como eu, viesse a descobrir, como é que a partir de uma experiência diferente se pode abrir à nossa frente todo um maravilhoso novo mundo da lubrificação.
terça-feira, setembro 18, 2007
Ménage
segunda-feira, setembro 17, 2007
This is Tecktonic!
http://www.dailymotion.com/video/x2ofhl_exclu-yelle-acdg-tepr-remix-alterna_music
Os franceses nunca dançaram tanto e tão bem.
Os franceses nunca dançaram tanto e tão bem.
sexta-feira, setembro 14, 2007
O amor tem futuro?
Não é socialmente aceitável não querer casar ou não ter uma relação. Isso deve-se ao facto de a ânsia pelo casamento estar tão profundamente entranhada no nosso subconsciente colectivo que constitui uma das nossas motivações pessoais mais poderosas. É a forma como tanto nos inspiramos como nos castigamos. Inspiramo-nos porque a ideia do casamento nos traz alegria e castigamo-nos por falharmos tão frequentemente no casamento.
Temos muitas relações que não são casamentos, mas no íntimo suspiramos pelo casamento e na nossa sociedade esta instituição sagrada é a norma de relacionamento.
O casamento transforma qualquer relação numa encenação, numa forma de passar o tempo da nossa vida, um empreendimento tradicional que nos agrada e distrai. Podemos sentir-nos cativados – e até temporariamente satisfeitos – com a forma familiar e as ternas convenções do casamento. Mas devemos recordar que é o amor, a energia profunda, bela e duradoura, que se encontra subjacente a todos os anseios e expectativas que levamos para as nossas relações. E as nossas almas, a parte divinamente imortal do nosso eu, querem mais. A alma quer profundidade, verdade e união e o apelo da alma, através de todas as novas formas de relacionamento que nos desprende dos laços da tradição, é o apelo a um amor maior.
Subscrevo algumas palavras de Daphne Rose Kingma no seu “O Futuro do Amor” – alguém próximo achou por bem oferecer-me este livro, pois é sempre bom ter prosperidade no “futuro do amor” quando o passado não foi lá muito prometedor – nomeadamente quando encara sem receios a ideia de que uma relação não tem que ser “perfeita”, ou que nada é eterno e que se vai ter mais que uma relação significativa na vida e dessa "nova" tendência de desligarmo-nos das tradicionais formas (de relações) e prendermo-nos mais aos seus conteúdos.
Temos muitas relações que não são casamentos, mas no íntimo suspiramos pelo casamento e na nossa sociedade esta instituição sagrada é a norma de relacionamento.
O casamento transforma qualquer relação numa encenação, numa forma de passar o tempo da nossa vida, um empreendimento tradicional que nos agrada e distrai. Podemos sentir-nos cativados – e até temporariamente satisfeitos – com a forma familiar e as ternas convenções do casamento. Mas devemos recordar que é o amor, a energia profunda, bela e duradoura, que se encontra subjacente a todos os anseios e expectativas que levamos para as nossas relações. E as nossas almas, a parte divinamente imortal do nosso eu, querem mais. A alma quer profundidade, verdade e união e o apelo da alma, através de todas as novas formas de relacionamento que nos desprende dos laços da tradição, é o apelo a um amor maior.
Subscrevo algumas palavras de Daphne Rose Kingma no seu “O Futuro do Amor” – alguém próximo achou por bem oferecer-me este livro, pois é sempre bom ter prosperidade no “futuro do amor” quando o passado não foi lá muito prometedor – nomeadamente quando encara sem receios a ideia de que uma relação não tem que ser “perfeita”, ou que nada é eterno e que se vai ter mais que uma relação significativa na vida e dessa "nova" tendência de desligarmo-nos das tradicionais formas (de relações) e prendermo-nos mais aos seus conteúdos.
É sobretudo bom que entendamos isto: seja qual for o nome, uma relação é sempre uma forma de ligação com outro ser humano. É uma ligação que mostra não só o grau de distância que decidimos estar, mas também a singularidade do afecto que nutrimos por essa pessoa e o que esperamos que aconteça com ela na nossa vida. De vez em quando encontramos alguém com os propósitos coincidentes com os nossos.
Por mais assustadoras que pareçam estas palavras transcritas e todas as mudanças a elas associadas, tem-se que ter em conta que, como ela diz, a transformação das relações não significa a morte do casamento, significa antes que o casamento será glorificado. E eu diria credibilizado ou, mais importante ainda, consciencializado.
Estou a mais de meio deste pequeno livro e ainda não li nada sobre a promiscuidade nem sobre a descartabilidade das novas relações, mas só agora “ataquei” o capítulo das “Novas formas de amor” ou também por esta autora designadas: “Relações iluminadas” e ainda tenho esperanças que ela se faça esclarecer que, tal como "não há relações perfeitas", não há “futuros (amorosos) perfeitos”, para ninguém!
Por mais assustadoras que pareçam estas palavras transcritas e todas as mudanças a elas associadas, tem-se que ter em conta que, como ela diz, a transformação das relações não significa a morte do casamento, significa antes que o casamento será glorificado. E eu diria credibilizado ou, mais importante ainda, consciencializado.
Estou a mais de meio deste pequeno livro e ainda não li nada sobre a promiscuidade nem sobre a descartabilidade das novas relações, mas só agora “ataquei” o capítulo das “Novas formas de amor” ou também por esta autora designadas: “Relações iluminadas” e ainda tenho esperanças que ela se faça esclarecer que, tal como "não há relações perfeitas", não há “futuros (amorosos) perfeitos”, para ninguém!
domingo, setembro 09, 2007
O dilema de Susana
Há mulheres fisicamente discretas e há mulheres fisicamente vistosas, com ou sem uma vestimenta apropriada. A Susana faz parte do lote das vistosas e das que se veste a condizer. Digamos que o seu criador foi bastante generoso com as suas formas físicas e ela faz toda a questão em partilhar isso com o resto do mundo. Tal não é muito bem visto por grande parte dos restantes elementos femininos do nosso grupo de amigos e nunca percebi bem porquê. Bem, até percebo. Pelo menos a parte que salta logo à vista. Os amigos (rapazes) dividem-se: (tal como as raparigas) há um grupo de “incomodados”, depois há os “tótós”, como eu, que sobrepõem a sua companhia em detrimento de tudo o resto que ela poderia eventualmente oferecer como alternativa e há os “artistas esperançosos”, que fazem dela a sua “musa inspiradora” nos seus momentos mais íntimos e... “enérgicos”. Para estes, o decote da amiga Susana é mais misterioso que mil e uma expressões da Mona Lisa e excitante que todas as sinfonias de Beethoven juntas.
Susana é vulgarmente designada por uma mulher provocante, não é, no entanto, e para desapontamento de muita gente, uma mulher provocadora. Mas isto faz algum sentido: alguém consegue ser provocante sem ser provocador? Marquei há dias, num centro comercial, um encontro com a Susana. Há hora e no sítio combinado já lá estava ela a olhar para a montra de uma loja. Mesmo por trás reconhecia-a a vários metros de distância. Desta vez deixou a mini-saia em casa, mas trouxe o “mini-top” e as suas jeans mais apertadas. Chego-me junto dela e prego-lhe um pequeno susto. Ela ri-se e cumprimentamo-nos. Penso: sempre que a vejo, passado todos estes anos de amizade, esta rapariga nunca me deixa de surpreender. Há sempre algo diferente nela. Para além de que cada dia que passa parece que ela me vai revelando mais de si. (Mal sabia eu que desta vez seria algo mais que um novo centímetro do seu corpo.)
Susana é vulgarmente designada por uma mulher provocante, não é, no entanto, e para desapontamento de muita gente, uma mulher provocadora. Mas isto faz algum sentido: alguém consegue ser provocante sem ser provocador? Marquei há dias, num centro comercial, um encontro com a Susana. Há hora e no sítio combinado já lá estava ela a olhar para a montra de uma loja. Mesmo por trás reconhecia-a a vários metros de distância. Desta vez deixou a mini-saia em casa, mas trouxe o “mini-top” e as suas jeans mais apertadas. Chego-me junto dela e prego-lhe um pequeno susto. Ela ri-se e cumprimentamo-nos. Penso: sempre que a vejo, passado todos estes anos de amizade, esta rapariga nunca me deixa de surpreender. Há sempre algo diferente nela. Para além de que cada dia que passa parece que ela me vai revelando mais de si. (Mal sabia eu que desta vez seria algo mais que um novo centímetro do seu corpo.)
Enquanto caminhamos para a zona dos restaurantes, reparo nos olhares dos outros passeantes. Reparo sobretudo nos olhares dos outros homens, alguns com outras companhias femininas por perto. Uns mais discretos, outros mais descarados, ao ponto de até eu, sempre muito distraído em ambientes deste género, ter ficado incomodado. No momento em que questionava-me como é que ela conseguia ultrapassar todas aquelas contemplações mais fervorosas - pensava que provavelmente já estaria habituada e que tal faria parte do jogo da sedução - ela envolve o seu braço no meu e diz-me algo carinhoso que não fez muito sentido, nomeadamente naquele momento e naquele local. Pelo menos até eu perceber o verdadeiro objectivo daquele acto.
É este o dilema de Susana: ser provocante sem gostar de ser provocada.
É este o dilema de Susana: ser provocante sem gostar de ser provocada.
sexta-feira, agosto 31, 2007
Companheiros desta vida atribulada,
por pouco mais que uma semana este blogue encerra as suas portas para balanço e umas merecidas férias do seu dono. No entanto, deixa uma janela aberta para virem cá espreitar sempre que vos apetecer.
quarta-feira, agosto 29, 2007
Gaijas! Gaijas! Gaijas!
Não me estou a lembrar de nada mais sensual, que tenha passado pela TV, que a Ana do Carmo a tocar no “bicho”, a Maria João Abreu a lutar pela “perservação” da revista e as pernas da Fátima Medina e da Sandra Cóias. Ficou no ar, para uns próximos posts, os decotes dos elementos do restante grupo da “geração de ouro”: Manuela Moura Guedes, Isabel Bahía e Helena Ramos. Obrigado, bzi99.
Oh Herdeiro e esta? Mas é que se estava mesmo a ver, pá!
Na “Guilhotina” de ontem por pouco mais de 20 mil “euricos” só pediam que se soubesse o primeiro nome do presidente do Tribunal de Contas, do presidente da Câmara de Matosinhos e de Júlio Dinis. Mas se os nossos conhecimentos não chegassem a tanto, davam-nos ainda a possibilidade de associar a pista Encontro a um disco da Anabela e de Carlos Guilherme. Depois era só retirar o apelido deste último senhor e obtínhamos a solução final. Mais fácil que isto só uma “bifa” na praia da rocha, cambada de ignorantes!
segunda-feira, agosto 27, 2007
Uma herança deturpada
Já nos tempos do Malato, o jogo da “Guilhotina Final”, gerou polémica. Nessa altura, por vezes, também era muito difícil desvendar o enigma e sair um pouco mais rico daquele concurso. Na versão “Herança de Verão” 2007 tornou-se ridiculamente difícil. Esclareço: não é a palavra-solução que é rocambolesca, são as respectivas pistas. Para soluções tão óbvias como “(Os) Lusíadas”, “Índia” ou mesmo “Pai” arranjaram 5 palavras (pistas) com elas relacionadas que só com muita capacidade de imaginação se chegaria lá. Exige-se um esforço sobre-humano: para acertar no “enigma” é preciso ter uma capacidade imaginativa a quintuplicar! Ou seja, é perfeitamente notório que a RTP quer tanto que aqueles concorrentes, que se sujeitam a tal processo de fustigação intelectual, ganhem o valor do prémio final (que com os cortes da “guilhotina” facilmente pode passar de mais de 100 mil para uns míseros cinco mil euros), como eu quero mergulhar num lago cheio de piranhas.
Por outro lado, há dias (poucos) em que o “enigma” é muito fácil, até parece que a RTP decide inverter os papéis e ser uma “mãos largas”. Aconteceu recentemente com um concorrente que tinha previamente prometido dar parte do que ganhasse a dois dos concorrentes que tinham sido derrotados por ele. Nada contra gestos de solidariedade. No entanto depois de serem apresentadas 4 pistas semi-óbvias e aparecendo um “Jack Sparrow”, pareceu-me demasiado evidente – sobretudo se compararmos com o grau de exigência (e de imaginação) de outras “guilhotinas”* - que a solução final só pudesse ser “Pirata”. E era, claro. E o senhor acertou, como não podia deixar de ser. Ainda bem. Mas se a minha teoria tiver certa e se um concurso só for ganho, não por inteligência ou perspicácia, mas sim por simples caridade ou simpatia, não há regras que lhe valham! Ainda digo mais (como isto supostamente é um jogo): estaremos, nem mais nem menos, no domínio da pura batotice.
*Ainda numa das sessões da semana passada, as últimas pistas a serem colocadas na mesa foram: “XIX” e “Tony Ramos”. Exigia-se que a concorrente associasse o famoso actor brasileiro a uma novela do “tempo da Maria Cachucha”, chamada “Pai herói” e que com uma numeração romana - que induzia um provável século - se chegasse a uma data importante: 19 (de Março), dia do Pai. Quem falou em batotice?
Gostei de ver a cara da concorrente depois de a apresentadora mostrar o cartão com a solução, parecia mesmo querer dizer: “Não há “Pai” para esta palhaçada!”.
Por outro lado, há dias (poucos) em que o “enigma” é muito fácil, até parece que a RTP decide inverter os papéis e ser uma “mãos largas”. Aconteceu recentemente com um concorrente que tinha previamente prometido dar parte do que ganhasse a dois dos concorrentes que tinham sido derrotados por ele. Nada contra gestos de solidariedade. No entanto depois de serem apresentadas 4 pistas semi-óbvias e aparecendo um “Jack Sparrow”, pareceu-me demasiado evidente – sobretudo se compararmos com o grau de exigência (e de imaginação) de outras “guilhotinas”* - que a solução final só pudesse ser “Pirata”. E era, claro. E o senhor acertou, como não podia deixar de ser. Ainda bem. Mas se a minha teoria tiver certa e se um concurso só for ganho, não por inteligência ou perspicácia, mas sim por simples caridade ou simpatia, não há regras que lhe valham! Ainda digo mais (como isto supostamente é um jogo): estaremos, nem mais nem menos, no domínio da pura batotice.
*Ainda numa das sessões da semana passada, as últimas pistas a serem colocadas na mesa foram: “XIX” e “Tony Ramos”. Exigia-se que a concorrente associasse o famoso actor brasileiro a uma novela do “tempo da Maria Cachucha”, chamada “Pai herói” e que com uma numeração romana - que induzia um provável século - se chegasse a uma data importante: 19 (de Março), dia do Pai. Quem falou em batotice?
Gostei de ver a cara da concorrente depois de a apresentadora mostrar o cartão com a solução, parecia mesmo querer dizer: “Não há “Pai” para esta palhaçada!”.
sexta-feira, agosto 24, 2007
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